sábado, 27 de novembro de 2010

Bolsa Vazia - Subjetiva

Bolsa Vazia - Subjetiva
“Traga a vasilha. É um Real. Vai passando o sorveteiro “.
É neste jargão que se inicia este texto para compreensão do que adiante se infere.
É na voz mansa e pausada, repetitiva e convincente que o vendedor de sorvete induzia os moradores daquela rua a comprarem seu insípido sorvete que, para o sorveteiro tinha de vários sabores, mas para o consumidor não se via diferença. “É um Real, baratinho”, e, convincente, continuava...
E nós, consumidores, eleitores, estudante, professores, será que nos deixamos ser convencidos por um jargão, por um discurso infundado, com o objetivo de benefício próprio do locutor?
Será que somos capazes de ver além do discurso, dos implícitos do discurso? “Vai passando o sorveteiro”. É um voto. Digo um Real. E quem é o sorveteiro? É um voto. Digo um Real?
Somos professores. Somos alunos. Somos professores e alunos. E nossa voz mansa, pausada e repetitiva será convincente? Aceitamos o discurso marcado pela persuasão quando não nos dispomos a analisá-lo, analisar sua origem, seu locutor.
Foi quase um ano de discurso, mas parece que não estamos convencidos. Fomos absolvidos pela sala de aula, entretanto não absorvemos o conhecimento.
Final do ano, de aulas e de provas, ainda assim fomos convencidos ou convencemos? Somos o sorveteiro ou a vasilha?
Aceitamos o discurso marcado pela persuasão quando não dispomos a analisá-lo.
E o bolsa, família? Vazia?
És tudo no estudo. Vai passando, não o sorveteiro com seu sorvete insípido, mas vai passando de ano, galga degraus e entende o discurso do politiqueiro. Digo, do sorveteiro?
Reflita. Entenda. Analise. Seja crítico.
Antonio Ximenes



segunda-feira, 14 de junho de 2010

Caminhando no Tempo


Era fevereiro de 2009 quando começamos nossa caminhada. Nós, 35 pessoas em busca do conhecimento para garantia de nosso futuro. E começamos. Começamos nossa caminhada no tempo, óbvio, mais novos, pois envelhecemos quase um ano entre muitas verdades e desenganos. Verdades que nos eram oferecidas por aqueles que nos instruíam e desenganos quando achávamos que estávamos enganando a outrem quando estávamos enganando a nós mesmos.

Particularizando nossa caminhada no direcionamento ao verbo para a prática da linguagem, temos uma história a contar quando adentramos no Romantismo e prosseguimos nessa literatura, não com o “mal do ano”, a propensão para não trabalhar, mas com a vontade de escrever com adequação o discurso direto ou indireto.

Na flexão substantiva de nosso orientador continuamos com algumas advertências adjetivas nos artigos que nos eram repassados em grande número. Trabalhamos no gênero de um texto adequado ao nosso grupo em que os pronomes eram nós e ele, senhor e você. Sentíamo-nos, então leves nesta caminhada. Caminhada esta como se fosse um vôo, um vôo do Condor na linguagem de Castro Alves, a linguagem da paixão, porém no interesse de aquisição de conhecimento e interação. Foi muita prosa.

Formamos aí nosso primeiro tempo, pois nesse verbo pausamos nosso conto ainda que a caminhada continuasse, e nos dispersamos por 15 dias. Era Julho, muita brincadeira, passeios, namoros, etc...,

Retornamos. A gosto, muitas advertências para que não repetíssemos esta caminhada no mesmo percurso em que somos simples sujeitos conectados como prepostos desta caminhada, como subordinados ou aditivos desta narrativa.

É real e natural o nosso objeto, direto ou indiretamente ligado a um simbolismo de civilidade na aquisição da cidadania.

Assim, concluímos nossa breve história subjetiva, com alguns colegas a mais e outros a menos, uns mais e outros menos interessados, mas todos no interesse de prosseguir esta interminável caminhada da vida.









domingo, 10 de janeiro de 2010

A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CERA DE CARNAÚBA E A INTEGRAÇÃO DO JOVEM E DO ADULTO AO MUNDO DO TRABALHO

     IV Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e Nordeste de Educação Tecnológica


Belém - PA - 2009

A INDUSTRIALIZAÇÃO DA CERA DE CARNAÚBA E A INTEGRAÇÃO DO JOVEM E DO ADULTO AO MUNDO DO TRABALHO

ANTONIO XIMENES DE OLIVEIRA(1); (1)IFPI, Praça da Liberdade, nº. 1597, (86) 3215-5208, e-mail: (1) axaximenes9@gmail.com RESUMO O presente artigo discute a necessidade da criação de cursos profissionalizantes integrados à educação básica de jovens e adultos, com o objetivo de oferecer qualificação específica ao jovem e ao adulto da microrregião de Campo Maior, particularmente aqueles que não tiveram condições de adquirir uma profissão, face às precárias condições socioeconômicas em que vivem. Baseando-se nos dados coletados através de entrevistas e questionários em pesquisa qualitativa realizada com alunos de escolas públicas da região de Campo Maior, o trabalho aborda a questão da industrialização da cera de carnaúba e a falta de mão-de-obra especializada na região. Nesse sentido, analisa possibilidades, no contexto regional, para criação de um espaço no qual se integrem educação e trabalho, de forma a qualificar uma clientela para o trabalho na industrialização da cera de carnaúba, tendo em vista que a região é a grande produtora de pó cerífero do Brasil. As investigações feitas apontam a necessidade imperativa de implantação de cursos profissionalizantes integrados à educação básica na região, haja vista que o momento atual, caracterizado pelo desemprego, é propício à implantação dessa modalidade de cursos, favorecendo a inserção do jovem e do adulto no mercado de trabalho. Palavras-chave: PROEJA. Trabalho. Qualificação. Cera de Carnaúba. 1. INTRODUÇÃO Inserido no contexto da educação para o trabalho, este artigo discorre sobre a necessidade da criação de cursos profissionalizantes integrados à educação básica de jovens e adultos na microrregião de Campo Maior. Nesse contexto, aborda, num primeiro momento, a formação para o trabalho; enfatiza a importância da integração escola-sociedade-trabalho e, por último, destaca o PROEJA como formador e incentivador da qualificação para o trabalho, em especial o trabalho de industrialização da cera de carnaúba, produto largamente produzido na região em questão. As considerações finais ressaltam, diante da importância dos fatos, a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o tema aqui discutido. A educação profissional integrada à educação básica de jovens e adultos compreende um processo que envolve a sociedade, o trabalho e o próprio sistema de ensino-aprendizagem integrados num conjunto de normas facilitadoras de oportunidades para aqueles que, por algum motivo se tornaram retardatários na obtenção de conhecimentos que lhes habilitem ao ingresso no mercado de trabalho. E como a sociedade moderna é classificatória e exclusiva, tornam-se necessários o conhecimento e o aprimoramento de meios de ingresso ou reingresso de jovens e adultos no setor produtivo. Dessa forma, entende-se que a integração do jovem e do adulto ao mundo do trabalho é de suma importância no sentido de dar-lhes uma ocupação por meio do emprego ou do trabalho autônomo, evitando-se assim a ociosidade que os leva à exclusão social e, muitas vezes, à criminalidade. Vale ressaltar que esse jovem e esse adulto são, em sua maioria, oriundos de classes sociais que têm menos oportunidades de educação e de emprego, pressupondo-se assim que se encontram aquém dos interesses da sociedade dominante.

A propósito dessa integração ao mundo do trabalho o Documento Base do PROGRAMA NACIONAL DE INTEGRAÇÃO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL COM A EDUCAÇÃO BÁSICA NA MODALIDADE DE EDUCAÇÃO

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DE JOVENS E ADULTOS - EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO / ENSINO MÉDIO, publicado em agosto de 2007, assim diz: Ao perseguir a construção de um modelo de sociedade no qual o sistema educacional proporcione condições para que todos os cidadãos e cidadãs, independentemente de sua origem socioeconômica, tenham acesso, permanência e êxito na educação básica pública, gratuita, unitária e com qualidade para as faixas etárias regulares, que garanta o direito a aprender por toda a vida a jovens, homens e mulheres, independente dos níveis conquistados de escolaridade, firma-se a concepção de que a formação pode contribuir para a integração sociolaboral dos diversos conjuntos populacionais, e mais do que isso, para que constitua, efetivamente, direito de todos. (.p.23) Assim, pode-se perceber a relevância da educação profissional básica integrada à educação de jovens e adultos dentro de um conjunto de circunstância que leve o educador ao conhecimento do educando, de suas origens, permitindo estruturar uma educação de qualidade que atenda às necessidades básicas do educando, de aperfeiçoamento profissional ou de ingresso no mercado de trabalho. Para Martins (2000), a superficialidade e a falta de integralização na formação profissional do trabalhador, portanto, são características descartadas pelo próprio mercado que exige cada vez mais articulação de diversos conhecimentos. No contexto da modalidade da educação profissionalizante integrada à educação de jovens e adultos, as habilidades se aperfeiçoam dentro de regras e normas que devem ser enfatizadas, não somente no processo educacional, mas nas demais regras ditadas por essa mesma modalidade de ensino no que tange à integração do educando ao mercado de trabalho, seja como empregado ou como empregador, para que se tenha um resultado positivo e satisfatório dentro do processo de ensino-aprendizagem integrado ao social. Diante disto vê-se a educação profissional integrada à educação básica de jovens e adultos como um processo, e, como tal, carece ser trabalhado e aperfeiçoado, pois o aluno, ao procurar ingressar nessa modalidade de ensino, sabe o que quer e que objetivos tem a atingir, bastando, para isso que lhe sejam dadas condições viáveis de lograr êxito na vida profissional. Nesse contexto, acredita-se na viabilidade de uma proposta de implantação de curso PROEJA na área de industrialização da cera de carnaúba como intento de melhoria de vida dessa população, principalmente da zona rural de Campo Maior. 2 EDUCAÇÃO PARA O TRABALHO A educação profissional integrada com a educação básica na modalidade de educação de jovens e adultos exige tanto do professor como da sociedade um acompanhamento bem próximo do aluno, num processo de interação em que se proporciona a formação profissional com escolarização para jovens e adulto, a priori, para aqueles que, por um motivo de força maior não conseguiram seguir o curso normal do ensino dito regular.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), em seu Artigo 39, diz que a educação profissional conduz ao permanente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Corrobora essa idéia, ainda, o Art. 59, inciso IV, da mesma Lei, sobre a educação especial, tratando da educação profissional como uma educação especial para o trabalho, que visa à integração da vida do educando em sociedade. Embora não sendo este o caso, pode-se também obter respaldo educacional nesse Artigo no que refere à educação profissional

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integrada à educação básica de jovens e adultos, porque podemos entendê-la também como uma modalidade de educação com necessidades e características bem diferenciadas. Entra aí, então, o papel do professor, integrado aos ditames governamentais e sociais, em dar condições ao educando no sentido de adquirir uma profissão, principalmente porque a maioria dessa clientela vem de classes sociais que tiveram menos oportunidade em seguir uma carreira educacional dentro dos padrões ditos regulares. Esse contexto é reforçado pelo Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004, que regulamenta o § 2º do art. 36 e os Arts. 39 a 41 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, além do Decreto nº 5.840, de 13 de julho de 2006, que Institui, no âmbito federal, o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos - PROEJA. É uma preocupação do governo federal, conforme se vê nos programas governamentais, o incentivo à profissionalização do jovem e do adulto, através da própria formação de educadores direcionados para essa área. Nesta perspectiva, apresenta-se aqui uma proposta inovadora de criação de um curso que qualifique pessoas para a extração vegetal da cera de carnaúba na microrregião de Campo Maior, o qual orientará o educando desde os cuidados ambientais para preservação da “Arvore da Vida, como é chamada a carnaúba, até a sua industrialização final, que é a produção da cera, passando por todo um processo de colheita da palha, secagem e extração do pó cerífero. O Projeto de Lei nº 7.513/03 cria o Fundo de Apoio à Cultura da Carnaúba (Funcarnaúba), com objetivo de financiar e modernizar a cultura da carnaúba, elevar a qualidade de vida dos trabalhadores do setor, incentivar a produtividade de seu cultivo e exploração, assim como estimular o consumo de produtos derivados, seu aproveitamento industrial, sua exportação, defesa de preço e mercado. Desta forma, com o apoio de Leis, o que não faltam são incentivos tanto no campo educacional como no campo laboral que caminham em consonância, no sentido de oportunizar àqueles que não tiveram condições econômicas e sociais de conclusão de um ensino mais elevado. A esse respeito, o artigo IV do Projeto de Lei 7.513/03 enfatiza: “IV – garantir o treinamento de mão-de-obra para trabalho nos segmentos agrícola e industrial da cultura e beneficiamento da carnaúba”. E de que forma esse treinamento pode ser garantido? Através da educação, da educação de jovens e adultos, mais especificamente, considerando-se o atendimento a uma qualificação imediata. Ressalta-se, entretanto, que o Projeto de Lei ora em referência ainda não foi aprovado. Na cultura da extração da cera da carnaúba é largamente sabido que a extração do pó cerífero segue todo um processo que engloba desde a colheita da palha até a extração do pó, trabalho que famílias, principalmente da zona rural, fazem de forma artesanal, pois já têm o conhecimento prático. Esse conhecimento prático, no entanto, pode ser aperfeiçoado com a aquisição de técnicas facilitadoras, através da educação para o trabalho. Em pesquisa publicada recentemente (Nov/08), o IBGE aponta a cidade de Campo Maior, no Piauí, como maior produtora nacional do pó cerífero extraído da carnaúba, chegando a produzir 1.275 toneladas, seguida de Piripiri, que produziu 872 toneladas. O Piauí, portanto, lidera o ranking nacional. Entretanto, essa mesma pesquisa revelou que o vizinho Estado do Ceará lidera na industrialização deste pó, produzindo a cera da carnaúba, tendo concentrado 81,8% do total da produção nacional. Contraditoriamente, o nosso estado, que lidera na produção do pó, nem aparece no ranking da produção de cera, pois não existe mão-de-obra qualificada para o trabalho da industrialização do pó da carnaúba. Justifica-se, então, um investimento na área educacional para este fim, e em especial, na educação profissional de jovens e de adultos através da educação profissional integrada à educação básica de jovens e adultos. 2.1 Integração Escola-Sociedade-Trabalho

Em sua etimologia, a palavra trabalho veio da palavra tripalium, instrumento que servia para torturas, então associada ao sofrimento, ao trabalho pesado. Essa mesma relação co-existe entre a palavra trabalho e o

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contexto da extração vegetal da carnaúba, no qual o trabalho é feito de forma manual e exploradora do homem analfabeto, semi-analfabeto e até daqueles que tiveram um ensino fundamental concluído e que, face às mazelas da vida, não puderam dar continuidade aos seus estudos. Desta situação aproveitam-se os empresários em seu benefício capitalista, servindo-se da ignorância, do não conhecimento profissional qualificado. O que ainda foi constatado é que os profissionais da área laboral ora em pesquisa, são pessoas que têm um conhecimento primitivo quase que exclusivamente de cada fase do processo, desde a colheita da palha até a industrialização e comercialização da cera de carnaúba. Aqueles que extraem a palha no campo entendem apenas desta parte do trabalho Durante a pesquisa, constatou-se que existem muitos alunos egressos do ensino fundamental, na modalidade da educação de jovens e adultos, em escolas de Campo Maior, como por exemplo, na Escola Estadual 13 de Março, onde funcionam várias turmas de EJA. Alguns desses alunos, questionados, afirmaram que estão no ensino médio regular, mas que não pretendem dar prosseguimento aos estudos, pois não têm perspectiva de uma profissão qualificada. Acredita-se que nesse segmento é que deve intervir o ensino básico da educação profissionalizante de jovens e adultos no sentido de abrir-lhes novos horizontes. A solução seria a profissionalização desse jovem e desse adulto numa área emergente, a extração e produção da cera de carnaúba, pois não existe uma mão-de-obra qualificada neste campo profissional. Para que haja essa qualificação necessário se faz uma integração escola-sociedade-poder público, em que o poder público, representado pelo Executivo, crie cursos profissionalizantes e incentive os egressos desses cursos ao trabalho, qualificando esse jovem e esse adulto. É necessário também o apoio da sociedade, pois o que se nota é que essa integração é inexistente. Para Soares (2002), Essa falta de integração gera um sentimento de impotência no jovem quanto ao seu futuro, pois ele não se sente em condições de realizar nenhum trabalho profissional quando completa um ciclo escolar, seja ele em nível de ensino medido, profissionalizante ou mesmo a universidade. (pag. 58) Outra prova da necessidade que se tem de reforçar o fomento à criação de cursos de suporte profissional à industrialização da cera de carnaúba, qualificando jovens e adultos para esse fim, pode ser evidenciada na localidade Alto do Meio, do município de Campo Maior. Ali estão instaladas algumas indústrias, dentre elas uma de extração da cera de carnaúba, onde alunos residentes naquela comunidade e adjacências trabalham durante o dia e, às vezes à noite, e conciliam esse trabalho com seus estudos no ensino fundamental e médio, na forma dita regular. Ora, aqueles alunos são todos jovens e adultos, pais de famílias que pertencem a classes humildes e que estão ali para adquirirem conhecimentos, almejando um trabalho. Mas que conhecimento? Que trabalho se não estão sendo preparados para tal? Existe nessa comunidade uma escola municipal onde funcionam os cursos do ensino fundamental menor e maior oferecidos pelo município, além do ensino médio oferecido pelo Estado. E por que não tornar esse ensino médio na modalidade profissionalizante da educação básica de jovens e adultos?

Toda aprendizagem deve visar a um objetivo. Que objetivo tem o jovem e o adulto, egressos de ensino fundamental, e alunos do ensino médio “regular”, quando buscam meios de sobrevivência digna, facilitados através da aprendizagem? Certamente é uma aprendizagem que se dê de forma contínua e com perspectivas de atender as suas necessidades profissionais num futuro mais distante ou imediato. O que se constatou na pesquisa realizada é que essa clientela realmente busca uma formação imediata que atenda as suas necessidades educacionais para o trabalho, através da aprendizagem pela ação, não só pelo conhecimento, mas também pela prática, pois alguns afirmam que estão na escola para conseguirem um emprego, passar

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num concurso. Segundo Marquardt, (1899) “a aprendizagem pela ação tem a capacidade e poder surpreendentes para resolver problemas complexos e mudar pessoas, equipes e organizações” A aprendizagem do jovem e do adulto poderá se enquadrar nessa aprendizagem pela ação, resolvendo o problema do desemprego, mudando pessoas e organizações, no caso, a organização social e governamental, estes dois últimos, num contexto de evolução satisfatória ao desenvolvimento social e cultural. O desenvolvimento social não pode prescindir da educação e, neste contexto, é que se insere a educação básica na profissionalização de jovens e adultos, dando-lhes novas oportunidades no campo profissional e, conseqüentemente, laboral, tirando esse jovem e esse adulto da ociosidade e até, às vezes, da criminalidade no caso do jovem e do adulto delinqüentes, e por sua vez, no desenvolvimento cultural. O desenvolvimento cultural, neste caso, refere-se à colheita da palha da carnaúba até a extração do pó cerífero, feitos de forma artesanal, (repetido) passando então, após uma formação profissional de trabalhador na exploração da carnaúba, a ser feito com novas tecnologias, de forma mais inteligente que não prejudique o meio ambiente e diminua o esforço físico do trabalhador para tal colheita e respectiva industrialização. Ora, a tecnologia identifica novas aplicações de um determinado produto pela modernização e utilização de equipamentos e máquinas e até pela própria modernização da mão-de-obra, gerando novos procedimentos de beneficiamento desse produto, e neste contexto de inovações é que se insere a educação básica profissionalizante de jovens e adultos para geração de novos empregos e elevação do nível de renda familiar. 2.2 O PROEJA e a Industrialização da Cera de Carnaúba A micro-região de Campo Maior, no Estado do Piauí, é detentora de grandes carnaubais e produtora do pó cerífero da carnaúba, bastante utilizado em vários produtos industrializados desde produtos cosméticos até a indústria bélica, chegando a exportar para países como Estados Unidos e da Europa. No entanto, na cidade de Campo Maior, existe apenas uma indústria representada pela Brasil Ceras que absorve quase todo o pó extraído da carnaúba, colhido em Campo Maior e micro-região. A produção de pó cerífero de carnaúba somou 19.280 t (0,7% maior do que em 2005). O Piauí liderou com 11.809 t, ou 61,3% da produção. Já a cera de carnaúba totalizou 3.130 t, em 2006, com decréscimo de 2,5%. O Ceará concentrou 81,0% do total. (IBGE, 2006). No contexto educacional da Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos, em Campo Maior não existem cursos abrangentes nesta área, o que existem são apenas cursos técnicos, mas não específicos na modalidade do ensino profissionalizante da educação básica de jovens e adultos. Existem cursos de formação na modalidade de Educação de Jovens e Adultos na rede estadual de ensino, mas apenas no ensino fundamental onde o aluno cursa duas séries em um ano como é o caso da Escola Estadual 13 de Março, e neste contexto de ensino-aprendizagem é que se pode intervir, tendo em vista a seguinte concepção PROEJA: “Assumir o EJA como campo de conhecimento específico, o que implica investigar, entre outros aspectos, as reais necessidades de aprendizagem dos sujeitos alunos” e, dentre as necessidades desses alunos no campo educacional, além de acelerar o curso de seus estudos, está o de adquirir uma profissão qualificada.

Nesse mesmo sentido, o 6º Princípio do PROEJA “considera as condições geracionais, de gênero, de relações étnico-raciais como fundantes da formação humana e dos moldes como se produzem as identidades sociais”. Nestas circunstâncias se situam os alunos cursantes da Educação de Jovens e Adultos – EJA, pois provêm de classes sociais humildes, sem perspectiva de uma formação profissional para o trabalho e até mesmo do próprio trabalho. A implantação de cursos PROEJA poderá, então, suprir essa deficiência de

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qualificação profissional e de emprego, pois o jovem e adulto especializado, ou seja, qualificado em uma determinação profissão terá o devido conhecimento para o desenvolvimento laboral quer na forma de empregado, quer na forma de empreendedor. 3 A Qualificação para o Trabalho Um aspecto que merece destaque no que se refere à qualificação para o trabalho, é o pouco investimento de recursos públicos locais em programas que favoreçam a inserção do jovem e do adulto, com menos condições financeiras e sociais de atingir objetivos profissionais, a um mercado de trabalho que exige qualificação. Percebe-se, tanto na esfera estadual como na municipal, a carência de projetos relacionados à qualificação prévia para o trabalho da clientela de jovens e de adultos que não obtiveram formação no tempo regular de ensino, e que estão ociosos ou vivendo do subemprego. Boa parte dos programas que existem nesse sentido, a exemplo do PROEJA, é de iniciativa do governo federal, o qual, a propósito disso, através do Decreto Federal nº 5.840, de 13 de julho de 2006, em seu artigo primeiro, parágrafo 3º estabelece: “O PROEJA poderá ser adotado pelas instituições públicas dos sistemas de ensino estaduais e municipais e pelas entidades privadas nacionais de serviço social, aprendizagem e formação profissional vinculadas ao sistema sindical (“Sistema S”), sem prejuízo do disposto no § 4o deste artigo.” Em pesquisa realizada na Escola Municipal Agda Maria da Conceição, situada na localidade rural denominada Alto do Meio, no município de Campo Maior, onde funciona, há quatro anos, o ensino médio noturno regular oferecido pelo Estado, constatou-se que 100% dessa população não tem um emprego fixo e nem uma profissão definida e essa mesma porcentagem afirmou desejar que, naquela comunidade, houvesse um curso que lhe desse uma qualificação profissional para um emprego imediato ou um empreendimento próprio, conforme análise de dados. É importante registrar que nessa localidade e adjacências a maioria dos alunos, jovens e adultos, sobrevivem da lavoura, da pesca, do trabalho em cerâmicas e em uma indústria de extração da cera da carnaúba. Fig 1. Escola da zona rural (Alto do Meio) Em outra escola, na zona urbana, Unidade Escolar 13 de Março, onde funcionam turmas de ensino dito regular, fundamental e médio, turmas de EJA no ensino fundamental, e com pouco índice de evasão, em uma turma do 2º ano do ensino médio, verificou-se que 100% dos alunos são provenientes de cursos de EJA, sendo todos adultos, senhores e senhoras. Constatou-se também, embora se trate de uma escola situada na zona urbana, o interesse desses alunos em cursar um ensino médio que lhes desse uma formação profissional integrada à educação básica.

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Fig. 2. Escola da Zona urbana A pesquisa confirma que os sujeitos investigados, jovens e adultos, em sua maioria, não veem outra saída a não ser aceitar a educação que lhes é imposta e, consequentemente, do agrado da sociedade dominante, a que visa a um curso superior, ou a outro curso técnico supostamente elitizado. Entretanto constatou-se que alguns dos pesquisados também têm esse direcionamento para o ensino superior, mas vê-se que essas pessoas são carentes de informações sobre curso superior e o mercado de trabalho e que também estão necessitando de uma formação imediata, vivenciada pelo ensino em consonância com a prática, conforme indicam os estudos do mestre Paulo Freire. Na pesquisa de campo realizada nas escolas já aludidas, dentre às perguntas feitas aos pesquisados, alunos de EJA, destacam-se: “Você gostaria de cursar um curso técnico integrado ao ensino médio? Qual?”, a maioria dos alunos respondeu, que sim, e que gostaria de outros cursos. Mas quando se indagou, em outra pergunta, se cursariam curso na área de produção e industrialização da cera de carnaúba, todos foram unânimes em responder: “com certeza”, ou seja, positivamente . Fig 3. Gráfico indicador da pesquisa feito nas escolas

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Ao longo de vinte anos de trabalho junto ao judiciário, este pesquisador verificou que uma grande quantidade dos crimes de roubo, furto, assaltos dentre outros, praticados na cidade onde se realizou a pesquisa, é feita por jovens numa faixa etária de 17 a 25 anos, e que sua escolaridade não ultrapassa os primeiros anos do ensino fundamental, ou são totalmente analfabetos, não sabendo sequer assinar o nome. Estes advem de classes humildes, periféricas da cidade, não tem profissão definida e cerca de 80% são reincidentes no mesmo tipo de crime. Esse quadro poderia ser diminuído com mais investimentos na educação profissional pelo governo, dando novas oportunidades a esses jovens e adultos delinqüentes, os quais alegam que praticam esse tipo de crime por necessidade financeira e falta de oportunidades educacionais. Nota-se que alguns até prometem perante o juiz não reincidir, mas ficam ociosos, sem uma ocupação que lhes dê dignidade de vida em sociedade, retornando ao mundo do crime. Nesse vácuo gerado pela falta de escolaridade e preenchido pela criminalidade que gera uma imagem do jovem como sujeito da violência é que deve intervir a educação de jovens e adultos seguida pela e educação profissional integrada à educação básica de jovens e adultos, reinserindo esse jovem e esse adulto delinqüente num convívio social pacífico, dando-lhe uma profissão para que se torne capaz de adquirir um emprego ou tornar-se um empreendedor, fazendo-se assim cumprir então o princípio do PROEJA que compreende o trabalho como princípio educativo. Neste sentido, o ensino na modalidade PROEJA e, em especial na área profissional apontada neste trabalho de pesquisa, teria uma função reparadora do déficit de investimento governamental no social, e assim o investimento na educação profissional direcionada a jovens e adultos resultaria também em investimento no social, qualificando pessoas e dando-lhes dignidade de vida através de uma profissão e, consequentemente, um emprego. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Sabendo que a cera da carnaúba tem uma ampla utilização na industrialização em geral, inclusive, de acordo com pesquisas mais recentes, poderá ser utilizada também na fabricação de pães, biscoitos e bolos, é imperativo aproveitar essa ampla utilização da cera da carnaúba para outros fins e direcionar pessoas, através da educação profissionalizante, para tal. ofício. Assim, é necessário ressaltar que tudo que foi aqui discutido, nem de longe encerra as possibilidades de investigação sobre o assunto. Pelo contrário, a pesquisa apenas indica a necessidade de estudos mais aprofundados sobre a implantação de cursos agrícolas/industriais na micro-região de Campo Maior, em especial na área da produção, beneficiamento e outras utilizações da cera de carnaúba, na perspectiva de integração dos jovens e adultos ao mundo do trabalho, dando-lhes condições de uma vida digna em sociedade através da educação profissional. REFERENCIAS

Agência Nacional de Vigilância Sanitária. disponível em http://www.anvisa.gov.br/divulga/noticias/2008/100908_3.htm> Acesso em 04.nov.2008

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BRASIL. Ministério da Educação. EJA: Formação Técnica Integrada ao Ensino Médio - Salto PARA O FUTURO, BOLETIM 16 DE SETEMBRO DE 2006 ______. Decreto 5.154/2004. Disponível em:. Acesso em: março/2009. ______. Decreto 5.840/2006. disponível em: < http/:www.mec.gov.br>. Acesso em: março/2009. ______. Lei de Diretrizes e Bases, 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. ______. Programa de Integração Profissional Técnica de Nível Médio Integrada ao Ensino Médio na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos. Documento Base. Brasília: 2006

______. Projeto de Lei 7.513/2003. Comissão de Agricultura e Política Rural. Disponível em:< http://www.camara.gov.br/sileg/integras/111310.pdf>. Acesso em: janeiro/2009. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. 23ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994. FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 31ª. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

FREITAS, Newton. Cultura da Carnaúba. Disponível em: http://www.newton.freitas.nom.br/artigos.asp?cod=71> Acesso em 04.nov.2008 GADOTTI, Moacir. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. Curitiba: Positivo, 2005 (série práticas educativas). GOMES, Heloísa Maria; MARINS, Ogihara Hiloko. A Ação Docente na Educação Profissional, SENAC. 2003. MARQUARDT, Michaeel J. O poder da aprendizagem pela ação – Publicado por SENAC, 1899. MARTINS, Francisco Marcos. Ensino Globalizado: Cidadania ou Submissão. Autores Associados, 2000. SOARES, Dulce Helena Penna. A escolha profissional: do jovem ao adulto. 2a edição, summus editorial, 2002.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Caminhando no tempo

Caminhando no tempo
Era fevereiro de 2009 quando começamos nossa caminhada. Nós, 35 pessoas em busca do conhecimento para garantia de nosso futuro. E começamos. Começamos nossa caminhada no tempo, óbvio, mais novos, pois envelhecemos quase um ano entre muitas verdades e desenganos. Verdades que nos eram oferecidas por aqueles que nos instruíam e desenganos quando achávamos que estávamos enganando a outrem quando estávamos enganando a nós mesmos.
Particularizando nossa caminhada no direcionamento ao verbo para a prática da linguagem, temos uma história a contar quando adentramos no Romantismo e prosseguimos nessa literatura, não com o “mal do ano”, a propensão para não trabalhar, mas com a vontade de escrever com adequação o discurso direto ou indireto.
Na flexão substantiva de nosso orientador continuamos com algumas advertências adjetivas nos artigos que nos eram repassados em grande número. Trabalhamos no gênero de um texto adequado ao nosso grupo em que os pronomes eram nós e ele, senhor e você. Sentíamo-nos, então leves nesta caminhada. Caminhada esta como se fosse um vôo, um vôo do Condor na linguagem de Castro Alves, a linguagem da paixão, porém no interesse de aquisição de conhecimento e interação. Foi muita prosa.
Formamos aí nosso primeiro tempo, pois nesse verbo pausamos nosso conto ainda que a caminhada continuasse, e nos dispersamos por 15 dias. Era Julho, muita brincadeira, passeios, namoros, etc...,
Retornamos. A gosto, muitas advertências para que não repetíssemos esta caminhada no mesmo percurso em que somos simples sujeitos conectados como prepostos desta caminhada, como subordinados ou aditivos desta narrativa.
É real e natural o nosso objeto, direto ou indiretamente ligado a um simbolismo de civilidade na aquisição da cidadania.
Assim, concluímos nossa breve história subjetiva, com alguns colegas a mais e outros a menos, uns mais e outros menos interessados, mas todos no interesse de prosseguir esta interminável caminhada da vida.



quinta-feira, 23 de abril de 2009

Escola para a vida


Na essência de um toque,
na educação integrada a família.
Todos nós seguimos uma trilha,
Saindo do escuro,
Com destino ao futuro,
no Colégio Alfabetoc

Alfa é o princípio,
Princípio da formação para o bem
No toque da esperança
Que vem desde a criança
Ao jovem e vai além

Para universidades, senhores,
Públicas ou particulares
É muita alegria nos lares,
Pois desse toque saem muitos doutores.

Uma escola de formação,
Não somente curricular de conteúdos,
Mas do ser humano, do homem graúdo

Com ideais de fraternidade
E além do profissional,
Preparando para a vida,
Aqui nesta cidade,
Nesta escola querida

E os professores, colegas!
Pessoas muito dedicadas
Com seu toque de educação,
Fazendo-nos mais irmãos
Nesta escola elogiada.

Dos zeladores aos diretores
Da infância à adolescência.
E com aquiescência
De todo o corpo docente,
Que é a alegria da gente,
É sermos doutores





Doutores para a vida
Doutores em educação
Não somente da ambição
Da concorrência atrevida
Que nos deixa menos irmãos

Assim com todo esse toque
Luz para a nossa vida
Faz diferença o Alfa
Alfa que é o princípio
Beta que o segue
E em tudo que se toque
Tem-se algo em que se apegue
Onde há educação, não negue.
Colégio Alfabetoc।

Antonio Ximenes de Oliveira

sábado, 2 de fevereiro de 2008

À Minha Comadre.


Com Madre,

O silêncio noturno
na escuridão serena
trouxe-me uma luz à cabeça
para que eu esqueça
que a vida não é pequena.

Uma luz que iluminou
a escuridão de minha mente
para que eu conheça
e não mais pereça
numa vida doente.

Uma luz
que iluminava no escuro, sem luz,
mas que clareou o infinito
e mostrou quão é bonito,
que a vida não se reduz
sem madre

Com Madre, Mater,

Essa luz mostrou-me
os caminhos da vida:
as alegrias, as dores, as tristezas,
as felicidades e as certezas
de que tudo passa
como uma corrida

Mostrou-me, ainda,
essa luz brilhante,
que tenho que ser forte,
que tenho tanta sorte,
mas à devida atenção
não dou em nenhum instante,
sem madre, sem mater.

Com Mãe.

Mãe, que me trouxe à luz,
à luz do mundo, à luz da vida,
que curou minhas feridas
da tristeza, da solidão,
que pegou na minha mão
e mostrou-me o caminho
para que eu ande sozinho
nesta estrada comprida da vida;
que me dá um limite
de onde parto para outra vida,
sem fim.
E assim, concluo

Que tenho que está preparado
a todo tempo e o tempo todo,
para as agruras da vida,
para cuidar das feridas
que a vida nos deixa
nos momentos tristes,
nos momentos felizes,
e continuar.....
romper o limite desta vida,
alcançar a outra e, nela,
viver para sempre.
Com madre, com mater, com mãe.

sábado, 10 de março de 2007

A ORALIDADE NOS TEXTOS ESCRITOS, NO 2º ANO DO ENSINO MÉDIO, DO COLÉGIO ESTADUAL PROFESSOR RAIMUNDINHO ANDRADE, DE CAMPO MAIOR – PI.



Antonio Ximenes de Oliveira*

RESUMO: Para a produção de textos faz-se necessário que se tenha um conhecimento e prática do que é leitura. Na proposta do MEC para o currículo de ensino Médio diz que o trabalho com produção de texto tem como finalidade formar escritores competentes capazes de produzir textos coerentes, coesos e eficazes. Para isso é necessária a aquisição de um conjunto de estratégias lingüísticas e cognitivas, fruto de uma prática continuada de produção dos mais variados textos. Através de nosso trabalho detectamos parecer não existir essa pratica continuada, pois o que vemos são alunos com dificuldades de escreverem ortograficamente correto e até mesmo que têm dificuldades em desenvolver qualquer tipo de texto, seja ele narrativo, descritivo ou injuntivo mesmo lhe dando motivação para tal fim. Para esta pesquisa tomamos conhecimentos de opiniões de autores diversos e que estão imbuídos no tema ora pesquisado. Contextualizando os alunos pesquisados no que diz esses autores, vê-se que escrever correto é um processo que carece de um acompanhamento bem de perto do professor para o aluno, conhecendo, inclusive a vida deste aluno.

PALAVRAS-CHAVES: Oralidade. Ensino Médio. Escrita.

ABASTRACT: For the production of texts it is done necessary that it is had a knowledge and practice of what is reading. In the proposal of MEC for the curriculum of Middle teaching says that the work with text production has as purpose to form competent writers capable to produce texts coherent, united and effective. For that it is necessary the acquisition of a group of linguistic and cognitive strategies, fruit of a continuous practice of production of the most varied texts. Through our work we detected to seem that not to exist he/she practices continuous, because the one that we see are students with difficulties of they write correct ortograficamente and even that you/they have difficulties in developing any text type, be him narrative, descriptive or same injuntivo giving him/her motivation for such end. For this research we became aware of several authors' opinions and that you/they are dipped in the theme now researched. Contextualizando the students researched in what those authors says, he/she sees himself that to write adequate it is a process that lacks an attendance well closely of the teacher for the student, knowing, besides this student's life.

KEYWORDS: Orality. Middle teaching. Writing.

01. INTRODUÇÃO
Marcuschi, em sua obra: Da Fala para a Escrita, atividades de retextualização, diz: “(...) não se pode afirmar que a fala é superior à escrita ou vice-versa. (...), portanto escreve-se o que se fala e fala-se o que se escreve. Se se tem uma boa oralidade, tem-se também uma boa escrita. Se falamos “pro mode que”, escrevemos “ pro mode que”. Se falamos “por causa de”, escrevemos “ por causa de”. Não há divisão entre fala e escrita, pois a escrita é a fala representada por sinais gráficos
Através do presente artigo verificou-se, ou pelo menos obtivemos alguns indícios do que leva o aluno vindo do ensino fundamental concluído sob o regime de suplência a ter dificuldade na produção de textos descritivos, narrativos, injuntivos e dissertativos, estes últimos, no desenvolvimento e argumentação de temas propostos, além da escrita “inadequada” de palavras de uso cotidiano, assim como separação silábica, erros de concordância verbal e nominal e a limitação do conhecimento de vocabulário.
Analisou-se nos textos produzidos por alunos da segunda série do ensino médio do Colégio Estadual Professor Raimundinho Andrade, turno vespertino, em Campo Maior-PI, oriundos do ensino fundamental sob o regime de suplência, em que o aluno cursa duas séries por ano letivo, fatores estes que conduzem esses alunos a escrever, de uma forma desviada da forma padrão, palavras como: afim, apartir, derepente, a queles, etc.
Observou-se as variações lingüísticas presentes nos textos produzidos pelos alunos pesquisados. Acompanhou-se o desenvolvimento de estudos desses alunos, assim como a vivência de sua linguagem em alguns meios sociais como na família e na escola. Ofereceremos subsídios para o desempenho docente na prática de produção de textos escritos.
O ensino-aprendizagem de produção de textos compreende um processo comunicativo em que se abrange a oralidade, a escrita e, para esta, se faz necessário o conhecimento de normas que a regem, cujas normas são adquiridas ao longo de vários anos de estudo da linguagem escrita.
Ao analisar as principais dificuldades encontradas no ato da produção textual, deve-se levar em consideração o meio produtor de quem escreve, sua oralidade, suas origens sociais, sua convivência cotidiana assim como seu interesse pelo ato de redigir, para que se tenha um conjunto de circunstâncias que se leve ao real conhecimento do aluno pelo professor de produção de textos.
O meio produtor do aluno, ou seja, as suas origens, composto de seu lar, sua família, seu ambiente de trabalho, a escola a comunidade em geral que lhe inserem conhecimentos que são absorvidos como regras para a oralidade, entretanto, essas “regras da fala”, não analisadas pelo falante, talvez por descuido ou por pouca importância dada pelo falante, é transferida para a forma verbal escrita de modo inesperado pelo educador, ou seja, o professor de redação, que passa a ditar regras para o ato da escrita.
A gramática normativa deve ser enfatizada no ato da escrita, não somente na ortografia, mas também nas demais regras para uma boa escrita, por essa mesma gramática já imposta, para que se tenha a linguagem de forma escrita adequada como também a linguagem informal, de modo que esta o seu escritor seja conhecedor e compreendedor de sua coloquialidade.
A habilidade lingüística de escrever é, portanto, esse processo que carece de ser trabalhado, ser aperfeiçoado, pois o aluno sabe escrever a seu modo, com “erros” e “acertos”, bastando, porém que se lhe adeqüe à linguagem escrita.
Para elaboração deste Artigo de pesquisa foi utilizado o método qualitativo, investigando as práticas sociais, dando-se ênfase nas interações cotidianas, porque o pesquisador é alvo que integra o processo de pesquisa.
A prática de produção de textos está em um ato que exige do professor um acompanhamento bem próximo do aluno, ou seja, uma interação aluno-professor-aluno. Não somente propondo títulos para que esse aluno desenvolva gêneros aleatoriamente, mecanicamente, somente para agradar, a não se sabe quem.
Diz a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que o ensino médio terá como finalidades a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental. Cabe, então, ao professor de redação aprofundar-se nos conhecimento do educando, vê suas origens sociais que deram origem à sua oralidade e que será transposta para a escrita de forma tal como a fala, até por que estes alunos vêm de classes sociais não habituadas à leitura, o que os leva, em alguns momentos, a escrever de forma “grosseira”, o som da palavra.
Conforme Marchuschi, ( Da fala para a Escrita, 2003: pág. 46), “...a passagem da fala para a escrita se dá naturalmente no plano dos processos de retextualização...” portanto, entendemos que o processo de retextualização do cognitivo para a linguagem escrita obedece, antes, a oralidade de quem adquire essa oralidade e da forma de aquisição pelo falante, considerando, como já dito, suas origens sociais.
Ainda vale ressaltar que uma parte desses alunos que produzem textos escritos, grafando palavras de maneira inadequada, são alunos que, pela necessidade de ajudarem suas famílias financeiramente, de se auto manterem economicamente, submeteram-se à modalidade de Educação de Jovens e Adultos, e esta forma adapta a educação do aluno, levando em consideração suas características, seus interesses, condições de vida e de trabalho – (LDB - § 1º, art. 37).
Ao se retextualizar a linguagem oral para a linguagem escrita, transcreve-se a fala, e sendo o falante inadvertido de regras impostas para o ato da escrita pela gramática normativa, que, embora se queira desprezá-la, mas se é cobrada, incorre em falta ao grafar inadequadamente palavras, locuções, segmentos frasais, fugindo até mesmo do próprio sentido que exprimem esses termos.
O conhecimento lingüístico, a falta de leitura e, ainda, talvez a falta de vontade, que provoca o tolhimento do pensamento do aluno ao produzir o texto escrito, devendo, transformar esse aluno num reprodutor de texto, num “copiador” do oral para o código escrito, devendo, portanto o professor, para sanar este problema, atuar diretamente com o aluno e em seu texto, fazendo as observações necessárias, advertindo o aluno sobre a grafia de algumas locuções de palavras e seu emprego, reestruturando o texto escrito.
Podemos dizer, assim como KOCK, (2003, pág. 13), em seu livro: O Texto e a construção de sentidos, que “a concepção de língua como representação do pensamento corresponde a de sujeito psicológico individual, dono de sua vontade e de suas ações”, e, nesta acepção enquadra-se o redator oriundo do ensino fundamental sob o regime de suplência, ora pesquisado, que deixa passar sua vontade para o texto. A mesma autora classifica três processos clássicos com relação ao sujeito, e a terceira dela, “o assujeitamento”, também pode ser contextualizada em nossos alunos objetos desta pesquisa.
Por conseguinte, conclui-se que o aluno do ensino fundamental sob o regime de suplência é um aluno “às condições que lhe são condições que lhe são impostas “assujeitados” pelo sistema social que os cercam, incluindo-se aí a educação, a família, a comunidade onde moram e o ambiente de trabalho de alguns deles, e que deve ser trabalhado pelo professor de produção de textos, além de professores de outras disciplinas, contextualizando, inclusive, temas relacionados à vida do aluno.

02. A escola

A escola se insere no contexto do aluno para buscar identificar e resolver os entraves que atrapalham a aquisição de uma boa escrita, Matoso Câmara Jr, [em seu livro Manual de Expressão Oral e Escrita, 21ª edição, pagina 62, Vozes, afirma “...nenhum professor e nenhuma gramática conseguirão fazer escrever esteticamente bem a um pessoa que ainda não saber pensar em termo de língua escrita...”. Então é neste contexto do pensar que cabe à escola intervir, apontando ao aluno que a aquisição de uma boa escrita, indicando os problemas principais na produção de um texto, para que , de posse desse conhecimento rompa a barreira que impede o aluno de desenvolver um bom texto e, conseqüentemente, uma boa escrita.
Em nossa pesquisa, o que pudemos verificar é que os alunos já estão arraigados no seu sistema social onde predomina a miséria, e em conseqüência dessa miséria existe uma adaptação do sistema comunicativo composto de um vocabulário “pobre”, condizente com a realidade dos pesquisados, induzindo-os a uma preguiça de raciocínio lógico.

03. A família
Um aspecto de suma relevância na prática de produção de texto é a origem familiar do aluno. É desse contexto, o principal, que o aluno absorve seus conhecimentos básicos. Como se trata de alunos, em sua maioria, oriundos de famílias analfabetas, detentoras de pouco letramento, habituados à oralidade “econômica”, composta de palavras limitadas, uma baixa apropriação do léxico, e, devido a isso, esses alunos têm dificuldades em argumentar, pois têm conhecimento reduzido a seu mundo.
O mundo familiar é a base na aquisição da oralidade, e esta oralidade obedece a uma ordem característica da própria oralidade. Quando da passagem dessa ordem para a ordem escrita, vê-se que não há uma preocupação do aluno em transformar seu texto, e é neste momento que a interferência do professor é necessária no processo de retextualização. “A retextualização não é um processo mecânico, já que a passagem da fala para a escrita não se dá naturalmente no processo de retextualização”. (Marchuschi, Da fala para a escrita: processo de retextualização)
04. A comunidade
Um outro aspecto relevante e interferente na produção textual de nossos alunos, além da família, é sua socialização.
É nesse contexto que nossos alunos acrescem seus conhecimentows, e, como se depende também das influências do meio de convivência, a aquisição de conhecimento, o meio social comunicativo desses alunos não é de grande importância na retextualização de sua oralidade, pois a exemplo, dos alunos pesquisados há alguns que participam até de grupos de jovens, de corais de igrejas, entretanto sentem dificuldades no ato de transpor sua fala para a escrita.
Koch, em O Texto e a Construção do Sentido, afirma que o conhecimento sócio-interacional é conhecimento sobre as ações verbais, isto é, sobre as formas de inter-ação através da linguagem”. E como a inter-ação dos alunos pesquisados está inserida apenas em seu meio, não extrapolando limites, vê-se aí, não um enriquecimento de vocabulário com palavras novas, mas apenas com vocábulos do mesmo meio, cujas palavras ainda não são do conhecimento de alguns, entretanto, no mesmo nível de linguagem dos demais.
A leitura tem muita importância para o ato da escrita quando se tem motivação para desenvolver uma boa produção textual, evitando, assim, erros comuns como os apontados no início deste trabalho, no entanto, dos alunos pesquisados, como já se afirmou, alguns fazem parte de corais de igreja e têm como função principal a leitura de cânticos, mas esses alunos continua na mesma incorrência, pois nota-se que, devido à radical oralidade a que estão assujeitados não se dão conta dos erros ortográficos que cometem ao produzirem textos.

“As grafias errôneas, às vezes, irrelevantes em si mesmas, ganham vulto e importância, por que são tomadas como índice da cultura geral de quem escreve, mostrando nele, indiretamente, pouco manuseio de leituras” (Jr. Joaquim Mattoso Câmara, 2002, 21ª edição, página 60 )

A escrita é filha da leitura. Se a leitura é bem feita, observada e interpretada tem-se uma boa escrita, mas como, reafirmando o que disse Matoso Câmara Júnior, a grafia errônea é tomada como índice da cultura geral de quem escreve, sendo assim, é, portanto, o caso dos mesmos alunos que já estão inseridos numa cultura em que não se dá muita importância à grafia das palavras.
Professores reclamam de que os alunos não demonstram interesse em produzir textos porque exige muito do cognitivo, pois o aluno ao produzir um texto faz-se necessário um prévio conhecimento do assunto a ser narrado, dissertado ou descrito e para que este conhecimento seja um ponto de partida no ato da produção textual tem que entrar em pauta a leitura que torna o aluno conhecedor do mundo.
A necessidade de auto manutenção financeira e, às vezes, até da manutenção financeira dos pais, essa necessidade tira o aluno da dedicação exclusiva à escola para inseri-lo no mercado de trabalho. E como “ a escrita é usada em contextos sociais básicos da vida cotidiana, em paralelo direto com a oralidade, este contexto do ambiente de trabalho não poderia deixar de ser diferente na aquisição da oralidade de nosso aluno. Por exemplo, o aluno que diz apartir, afim, derepente, também assim escreverá, pois no seu ambiente de trabalho não trabalha com palavras escritas, com leituras de textos escritos, mas empregando a oralidade para o ato da comunicação, sendo este o caso ora pesquisado.



05. O que o professor deve trabalhar no aluno

Embora os alunos tenham dificuldades em escrever palavras “corretas”, mas já têm algo a ser trabalhado, pois eles não vêm zerados à escola em termos de conhecimentos. Já existe em sua mente toda esta gama de leitura que lhe impôs a família, a comunidade, o ambiente de trabalho e até mesmo a própria escola, pois estamos falando de alunos cursandos do 2º ano do ensino médio. Não somente o professor de produção de textos e sim os professores de todas disciplinas devem trabalhar com os alunos a produção textual, mesmo professores de Matemática ou de Física, por que assim estará ensinado o aluno a narrar, argumentar ou descrever e dentro destes contextos estará também dando-lhe oportunidades para desenvolver um bom vocabulário e enriquecimento desse vocabulário, tornando o aluno conhecedor da fala e conhecedor da escrita e vendo que nenhuma se sobrepõe sobre a outra, mas que ambas se completam e que cada uma tem sua maneira própria de aparecer. Incentivar o aluno à leitura, mostrando e indicando-lhe normas, é essencial para a aquisição de uma boa escrita.
Matoso Câmara Jr, em seu Manual de Expressão Oral e Escrita, afirma que “Escrever bem resulta de uma técnica elaborada que tem de ser cuidadosamente adquirida “, e para se obter essa técnica é preciso que, em primeiro lugar que se tenha um interesse próprio e em segundo lugar buscá-lo pela aprendizagem através da leitura e da escrita e da observação, reafirmando, desta forma, a opinião de Matoso Câmara, na mesma obra “escrever bem depende de se falar bem, das qualidades naturais do individuo, do seu “jeito”, enfim, do saber se exprimir.” E como se falar bem se não se vive bem? O indivíduo retrata-se em sua linguagem, recebe influências psicológicas e sociais, individuais e coletivas. “A língua apresenta sempre uma diferenciação de acordo com as camadas sociais que a usam”. (Matoso Câmara Jr, 1.986), e isso constatamos através dos textos apresentados. Os alunos que vivem num ambiente onde se fala bem, não trabalha para estudar, esse aluno escreve melhor do que aqueles oriundos de famílias humildes, analfabetas, e que trabalham para se auto manterem financeiramente.

METODOLOGIA

Os sujeitos componentes desta pesquisa e que foram investigados, são alunos da segunda série do ensino médio da escola pública, do Colégio Estadual Professor Raimundinho Andrade, de campo Maior, com idade entre 15 e 20 anos, provenientes de classes de baixa renda, que residem na periferia urbana de Campo Maior-PI e pertencem a famílias que têm escolaridade não superior à 8ª série do ensino fundamental. Serão trabalhadas seis turmas compostas de 35 alunos, cada, do turno vespertino.
Para utilização da análise dos sujeitos foi feita a amostra causal simples, onde todos os sujeitos foram listados, numerados e, posteriormente, sorteados.
As técnicas usadas para coleta de dados foram a análise documental, (textos) que pesquisa elementos inerentes aos sujeitos, e também será empregado a técnica de observação, que permite o registro tal como ocorre, além da técnica de entrevista do sujeito.
O contato com o sujeito pesquisado foi feito através de aviso pessoal escrito.
Os dados colhidos, registrados em tabulação, usando nomes fictícios, através de um questionário previamente elaborado para posterior análise e conclusão.
Análise documental – textos dos teóricos no assunto e a produção escrita dos alunos para observar os fatores de oralidade que interferem na escrita.
O corpus é constituído de quarenta e cinco textos de tipologias e gêneros diferentes, e tirada uma amostra de 15 textos. Nos texto foram abordados temas diversificados norteados por palestras, reuniões, textos jornalísticos e temas-problema da própria escola. Desses textos houve uma verificação, de alguns, pelos próprios alunos, dando a estes alunos a condição de verificar as falhas existentes nos textos dos colegas e, posteriormente, abordadas na aula seguinte pelo professor, após o recolhimento dos textos.
O trabalho foi realizado nas próprias aulas de redação ministradas por este professor que ora apresenta este trabalho de pesquisa, classificando, a princípio, as principais dificuldades da escrita, pelos alunos, de palavras formadas por locuções, verificando, posteriormente que essa dificuldade vai mais além, o que foi constatado através da redação de palavras bastante faladas e pouco escritas por estes alunos.
Procuramos também investigar, ainda, como é a vida desses alunos na escola, na família, no trabalho e na comunidade onde residem, para identificarmos o que induz esses alunos a escreverem de tal forma como a pesquisada.
Como no trabalho focaliza, principalmente, alunos carentes ou que tenham necessidade de trabalharem para se auto manterem financeiramente, investigamos a origem escolar desses alunos, a forma de como cursaram o ensino fundamental maior. Investigamos professores que lecionaram para esses alunos no ensino fundamental, assim também como diretores e secretários da escola para nos informar o sistema de ensino dessas escolas, o turno e como eram avaliados esses alunos.
Mas o principal objetivo deste trabalho é buscar indícios que, naturalmente, levam nossos alunos a escreverem da foram que falam, sem se aterem às normas da escrita.


Comparando textos (resultados e discussões)
Vejamos três pequenos fragmentos de textos colhidos das produções pesquisadas, cujos fragmentos retratam o que até aqui afirmamos, embasados nas opiniões de Marchuschi, e outros autores, já referidos:
Texto 1.
“...as pessoa tem uma mania tal besta e idiotas de discriminarem outras só por causa de sua cor, e isto é um motivo que as pessoas tem de não gostarem das outras só que por causa de sua cor não quer dizer que elas não tem capacidade não fazer nada, as pessoas tratam o morreno como si ele fossi um bicho, um bandido as pessoas tem que se concientizar...”

Texto 2
“... apartir da currupição que existe em todos os lugares, estamos vendo que ninguém quer está mais afim de trabalhar, só quer roubar...”

Texto 3 “...Hoje à grande diferença entre um homem e uma mulher é que as mulheres estão evoluindo há anos atrais jamais uma mulher seria prezxidente de uma nação ou país; hoje as mulheres já estão evoluindo em todos os aspectos. Hoje já temos várias mulheres no poder político e social e econômico.
Também a grande diferença está no casamento o homem quer mandar, e até bater na mulher quando ela faíz algo que ele acha que ta errado mais nós mulheres não tamos mais aceitando essa situação......”

Analisando os fragmentos dos textos ora apresentados, vemos que o aluno tem capacidade de argumentar, de apresentar seu pensamento lógico, entretanto, verificamos que sua oralidade é passada para escrita tal como se fala. No texto 1 notamos que o aluno, às vezes, sabe a grafia correta de uma determinada palavra no contexto, como é o caso da palavra “as pessoa” e “ as pessoas” , o que verificamos que no primeiro momento o aluno deixou-se ser dominado pela sua oralidade, mas como sendo conhecedor da escrita correta, mais adiante, no mesmo texto escreve “as pessoas”, seguindo a ordem de concordância nominal. Vemos ainda, no mesmo texto, marcas do domínio da oralidade sobre o texto escrito quanto à ordem e grafia das palavras, o que se exemplifica nas grafias “morreno” (moreno), “ fossi,” (fosse) “concientizar” (conscientizar), além de ambigüidade e outras falhas fonéticas, etc.
No segundo fragmento de texto vê-se também a oralidade na grafia das palavras “afim” “apartir” e “currupição”, palavras de uso corriqueiro no meio social dos alunos pesquisados, o que corrobora o nosso trabalho de pesquisa. Notamos que há aí uma tendência a escrever palavras que são escritas em forma de locução, em que se usa duas ou mais palavras com um só sentido, juntas.
Já no terceiro texto o aluno expõe, à sua forma, as diferenças entre homem e mulher, os direitos da mulher, entretanto sente dificuldade em seguir as normas gramaticais de concordância, ortográficas e de pontuação, além de fonética.l o que se verifica no primeiro parágrafo ( ... as mulheres estão evoluindo/ há anos atraiz jamais uma mulher...), há aí uma necessidade de pontuação e de uma correção ortográfica, que, não pelo desconhecimento do aluno, mas por seu hábito quanto a locução oral passada para a escrita, o que se reforça no segundo parágrafo ao escrever “tá” e “tamos”, marcas fortes da oralidade.

“Qualquer um de nós senhor de um assunto, é em princípio, capaz de escrever sobre ele. Não há um jeito especial para a redação, ao contrário do que muita gente pensa. Há apenas uma falta de preparação inicial, que o esforço e a prática vencem”.(Jr. Joaquim Matoso Câmara, Manual de Expressão Oral e Escrita, 2000, p. 61).

Vista a afirmação de Matoso Câmara Jr, vem apenas confirmar o que já suspeitamos e exemplificamos com textos de nossos pesquisados, pois estes são senhores de um determinado assunto e são capazes de escrever sobre ele, entretanto esses alunos carecem de que sejam preparados para a produção de texto mediante a pratica textual escrita, não apenas orientada pelo professor da área de produção de texto, e sim pelos professores de todas as disciplinas, pois somente assim esses alunos se tornarão detentores de uma boa escrita, é o que identificamos após as estatísticas que abordaremos no parágrafo a seguir.
Apresentando a forma do trabalho de pesquisa ora discutido, norteado pela observação, e, posteriormente, para ratificação, por um questionário feito a cada aluno, não identificado, solicitamos, em várias aulas, produções textuais narrativas, dissertativas, descritas, injuntivas, tanto escritas como faladas, indagando aos alunos o que os levaria a escrever um texto da forma como se fala. Dos quarenta e cinco alunos pesquisados há uma predominância de alunos que cursaram o ensino fundamental sob o regime de suplência, ou sejam, cursaram duas séries em um ano, num total de 60% da turma, e que num total de 30% dos alunos trabalham para se auto-manterem e todos os alunos pesquisados moram na periferia, são filhos de analfabetos ou semi-analfabetos num total de 80% e que 5% desses alunos trabalham também para ajudarem seus pais financeiramente. Alguns desses alunos prestam serviços a igrejas como membros de corais, participam de ações da comunidade onde vivem, tais como associações de bairros, como membros integrantes dessas associações. Dos 30% dos alunos que não trabalham, todos vivem sob as expensas dos pais, tios, ou irmãs e 20% não têm incentivo à leitura, pré-requisito extremamente necessário à aquisição de uma boa escrita. Os 10% restante desses que não trabalham, o único acesso à leitura que têm é aos livros didáticos oferecidos pela escola, a seus irmãos, ou a cópias de textos exigidas pelos professores, pois no 2º ano do ensino médio ainda não se recebe livros didáticos, e esses dados se confirmam através do questionário/entrevista feito, já referido no início deste parágrafo
Veja a tabela

Analisando a tabela direcionada pela entrevista, vemos que o que mais induz os nossos pesquisados a transpor a oralidade para escrita da mesma forma como se fala são suas próprias raízes, ou seja, sua família, vindo, posteriormente, a forma como esses alunos receberam a escolaridade fundamental, seguida dos que trabalham, absorvendo em seus locais de trabalho a oralidade dos que ali convivem, confirmando, portanto o que está posto em discussão neste trabalho de pesquisa.
Um ponto que nos traz uma curiosidade é que os alunos ora pesquisados, que participam da comunidade mediante serviços prestados a igrejas, associações de bairros, apresentam o menor índice de erros ortográficos na escrita, ratificando, portanto, que a leitura é o ponto básico, é a origem para aquisição de uma boa escrita.
Verificamos ainda que 20% dos alunos produzem textos razoavelmente bem, entretanto ainda carece muito de serem trabalhados pelos professores porque esses alunos ainda apresentam algumas distorções, não na ortografia, mas na coesão, coerência assim no que se refere à gramática, como concordâncias, por exemplo.
Como se trata, em sua maioria, de alunos provenientes de um curso fundamental onde se ensinam jovens e adultos, investigamos alguns de seus professores e estes foram unânimes em afirmar que, por cursarem duas séries em um ano, sob o regime de suplência condicionado a regras impostas pela Secretaria Estadual de Educação do Piauí, a produção de texto é pouco ou nem trabalhada na sala-de-aula devido ao pouco tempo que se tem para exposição de conteúdo.
Durante nosso trabalho de pesquisa sobre esses alunos no que se refere a sua produção de textos, procuramos orientá-los para a leitura, motivando-os através de leitura de textos de revistas, de jornais e outros, conseguindo bons resultados, tendo, inclusive, abordado o mesmo assunto em textos pedidos no início da pesquisa, quando do término de nosso trabalho e constatamos que houve uma melhora quanto à grafia de palavras escritas em locuções com um só sentido, confirmando assim que para uma boa escrita é necessária muita leitura, incluindo-se aí a leitura de mundo onde se insere todos aqueles estão em volta dos pesquisados, ou seja, todos aqueles com quem os ora pesquisados tem contato e no cotidiano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para a aquisição de uma boa aprendizagem da construção textual o professor tem que conhecer o aluno, onde vive, com quem convive, o que faz, suas origens, e tomar a sua base, ou seja, a base textual da qual o aluno é detentor. Trabalhar o texto de acordo com o conhecimento do aluno e, conseqüentemente, ampliando o seu mundo pela amostra de novos horizontes dentro da linguagem textual.
Quando verificamos o questionário feitos aos alunos, constatamos que todo esse processo de aquisição da escrita está afetado pelo sistema social-comunitário e social-familiar de onde provém o aluno, acrescido pelas dificuldades encontradas na escola onde o professor já espera que este aluno, por está cursando o 2º ano do ensino médio, esteja apto à escritura dos mais variados textos, sem dificuldades, não considerando, o professor, a forma como esse aluno cursou as séries anteriores, seu modo de viver e até mesmo suas próprias características psicológicas.
Portanto, a produção textual tem que ser discutida na sala-de-aula, pela escola, não só pelo professor de redação, mas por professores de todas as disciplinas, havendo necessidade até de uma interdisciplinaridade convergente para o mesmo ponto que é falar e escrever bem, não deixando, entretanto, a abordagem do conteúdo particular de cada disciplina que poderá ser contextualizada dentro da produção de textos, até mesmo, reafirmando o já dito anteriormente, a Matemática e a Física.
Praticando a escrita obtém-se uma boa escrita e respectivamente uma boa oralidade, já que a escrita e a fala não são dicotômicas, são indivisíveis, o que já afirmamos no inicio da introdução deste trabalho, escreve-se próximo da fala.. Se se fala de modo informal, escreve-se informal também.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Apostila sobre Educação de Jovens e Adultos – Secretaria da Educação - Teresina – Piauí – 1995
BASTOS, Lúcia Kopschitz. Coesão e Coerência em Narrativas Escolares. Martins Fontes. São Paulo, 1994.
BENTES, Ana Christina. Lingüística textual. In: MUSSALIN, Fernanda & BENTES, Ana Christina. Introdução à Lingüística – Domínios e Fronteiras. Vol 1 – 2 Ed. – São Paulo, Cortez, 2001.
CÂMARA Júnior, Joaquim Matoso, Manual de expressão oral e escrita 21ª ed. Petrópolis, Vozes, 2002.
DUBOIS – CHARLIER. Françoise. Bases da Análises Lingüística. Trad. E Adp. Ao português de João Andrade Peres. Coimbra: Almedina, 1976.
ECO, Humberto. Lector in Fábula. São Paulo. Perspectiva. 1979
FAVERO, Leonor Lopes & KOCH, Ingedore, Lingüística Textual: Introdução 6ª ed., Cortez, São Paulo 2002.
KATO, Mary. No Mundo da escrita, uma perspectiva psicolingüística. São Paulo Ática. 2002.
KOCH, Ingedore Grufeld Vilaça. Desenvolvendo os segredos do texto. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2003
KOCH, Ingedore Grufeld Vilaça . O Texto e a construção de sentido. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2000
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394
MARTINS, Gilberto de Andrade, Manual de Elaboração de Monografia e Dissertação, Atlas
MARCUSCHI, L.A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo. Cortez, 2003.
MARQUES, Maria Helena Duarte. Iniciação à Semântica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999.
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VAL, Maria das Garças Costa. Redação e Textualidade. Martins Fontes. São Paulo. 1994.



QUADRO DEMONSTRATIVO DAS ATIVIDADES REALIZADAS NESTE ARTIGO DE PESQUISA.





ATIVIDADES

PERÍODO


2004

2005

Agosto
dezembro
junho
julho

Levantamento do assunto e início de estudo
x





Levantamento bibliográfico e seleção de material
x




Elaboração dos instrumentos para coleta de dados

x


Análise e avaliação do artigo e reformulação


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Revisão e Redação final


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Digitação e encadernação


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Entrega do artigo



x
























QUESTIONARIO

AOS ALUNOS DO TURNO VESPERTINO DO COLÉGIO ESTADUAL PROF: RAIMUNDINHO ANDRADE.

Onde você mora?
Bairro ( ) centro ( ) zona rural ( ).

Qual a escolaridade de seus pais
Alfabetizados ( ) Analfabeto ( ) educação básica ( ) superior ( )

Seus pais trabalham? Em que?
___________________________________________________________________

Com quem convive em casa?
Com pais ( ) parentes ( ) com amigos ( )

Trabalha e estuda, ou só trabalha, ou só estuda?
___________________________________________________________________

Se trabalha, trabalha em que?
___________________________________________________________________

O tipo de ensino fundamental você cursou?
Normal ( ) suplência, duas series em um ano ( )

Em seu curso de ensino fundamental você praticava produção de texto:
Raramente ( ) freqüentemente ( ) não praticava produção de texto ( )

Na 1º serie do ensino médio, em suas produções de textos, era verificada em sala – de – aula, pelos professores, a grafia das palavras?
___________________________________________________________________

Você se policia quando escreve um texto para não escrevê-lo da mesma forma que fala?
______________________________________________________________________

Você ler :
com freqüência ( ) raramente ( ) somente quando exigido pelos professores
Revistas ( ) livros ( ) jornais outros ( ).
( ) não ler.
























A N E X O S













A distorção do entendimento do Superior Tribunal Federal transcrito na Súmula 584 sob a égide constitucional dos princípios da anterioridade e irretroatividade.

  Antonio Ximenes de Oliveira Júnior RESUMO : O presente artigo versa sobre a suposição acerca distorção entre os preceitos con...