sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Fugindo de mim

Uma vida submissa
aos anseios de outrem,
no satisfazer de vontades
que me roubam a felicidade
quando fujo de mim.

Não sou eu, sou o outro
para quem vivo e revivo
num mundo sombrio de amor,
disfarçado de clamor,
quando fujo de mim.

O outrem me suga,
pisa, machuca e derruba,
e me afoga na tristeza,
e me tira da alma toda beleza
quando fujo de mim.

São minhas vontades esquecidas
em função do outrem,
que domina minha vida
nesta estrada obscura,
sob uma ditadura,
quando fujo de mim.

Antonio Ximenes


quarta-feira, 8 de outubro de 2025

Não Existo

Sou eu aqui,

que um dia já existi

em meus velhos tempos idos

de glórias — sofridos.


Agora, sou eu, aqui:

o velho dos tempos idos,

nesta cadeira, sentado,

invisível e calado.


Passa um, passa dois, passa três...

Passam todos,

cada um por sua vez.


Sou eu, aqui!

Bom dia! Boa tarde!

O sol na minha pele arde,

mas ninguém me vê.


Ainda penso.

Mas não existo

para o outro, para você,

que me vê, mas não me vê.


Ao contrário do filósofo

René Descartes:

penso, mas não existo.

Ainda que, nos descartes,

não desisto.


Antonio Ximenes


Fugindo de mim

Uma vida submissa aos anseios de outrem, no satisfazer de vontades que me roubam a felicidade quando fujo de mim. Não sou eu, sou o out...