sábado, 9 de agosto de 2014
Eu só queria ter um pai
Eu queria ter um pai
que me desse educação
que me desse carinho
pois sinto-me sozinho
neste mundo, na solidão
Eu queria ter um pai
que pegasse na minha mão
tirasse-me desta calçada
cobrisse-me na madrugada
com coberta sobre um colchão.
Eu queria ter um pai
Um pai que reprime
quando se faz algo errado,
e este filho abandonado
não entrasse no crime.
Eu queria ter um pai
que me levasse à escola,
desse-me perspectiva de vida,
e curasse minha ferida
livrando-me da esmola
E queria tet um pai
que me ensinasse a orar
nos momentos de tristeza;
que me levasse a uma mesa
para comigo almoçar
Eu queria ter um pai
que minha alegria fosse sua,
compartilhando nossos momentos.
E eu não vivesse em sofrimentos
Neste momento, nesta rua.
Eu só queria ter um pai.
Antonio Ximenes
domingo, 20 de julho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
Absorto na incompetência
Quando criança, entre 09 e 10 anos de idade, fazia caieiras
juntamente com meu pai no intuito de adquirir um dinheiro. Derrubava árvores,
cortava-as e queimava para fazer carvão. Absolvido no meu trabalho, não tinha
discernimento sobre a competência que tinha meu pai de proibir-me daquele
trabalho onde eu prejudicava a natureza, e até a mim mesmo quando inalava a
fumaça ou o pó do carvão, mas naquela idade eu era incompetente para dirimir
meus atos.
A vida
continuou, e como sempre gostei de trabalhar, permaneci fazendo carvão, mas já
na minha adolescência, além de fazer carvão também juntava esterco de gado para
vender. Nos meus 14 anos de idade, acordava pela manhã, mais precisamente 4
horas da manhã e ia espantar o gado bovino, ou seja, tanger o gado para que este
se levantasse, evacuasse, e, então, eu colhia suas fezes moles e punha-as para
secar ao sol e depois vendê-la. Até aí não me julgava competente ou
incompetente, mas um necessitado que precisava do dinheiro, ás vezes, até para
comprar alimento para os irmãos, entretanto, apesar desse trabalho e outros
como em oficina mecânica, vendedor de cachorro quente, de geladinho, de
cigarro, de balas, etc. Então podia considerar-me uma pessoa competentíssima
por saber administrar meu tempo e conciliá-lo com meus estudos, pois nunca
deixei de estudar.
Tempos
passaram. Trabalhei de ajudante de pedreiro, depois pedreiro, depois
recepcionista, mas não deixava de estudar, pois tinha um objetivo: sair daquela
vida medíocre, embora digna, pois não havia nenhum delito inserido em minhas
competências. Estava absorto na vida, galgando degraus até que um dia consegui
passar em um concurso público, depois no vestibular e cursar um curso superior.
Agora, com essa formação, eu estava competente, se alguém acha que ser competente
é ser letrado, detentor do conhecimento, mas eu defino como competente quem é capaz,
embora não letrado.
Pois bem,
no meu labor diário, assoberbado de serviços de minha competência, por não
atender a uma determinação que fugia dessa competência, foi “trazido à baila”
que isso seria um sinal de incompetência, e por eu não conseguir mais
diferenciar o que é competência ou incompetência, aqui estou eu absorto em minha incompetência,
ou competência.
Antonio Ximenes de Oliveira
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