Como
foi? Foi assim: Estava eu passando por um projeto de escola municipal
que se iniciou próximo ao período de uma campanha eleitoral, em um
bairro que é denominado de Estrela. Não me recordo a data, mas está
lá o projeto de escola onde por alguns instantes parei e fiquei a
observar aquele transeunte adentrar naquele projeto de edifício.
Parecia já está acostumado àquele recinto, pois a forma como
caminhava, sem nenhum receio de ser agredido por outros seres vivos
sorrateiros ou rastejantes que também poderiam frequentar aquele
projeto de escola inacabada, onde o dinheiro público se dissolve sob
a chuva, seca sob o sol e se vai com o vento, de forma volátil.
Então, o calango entrou naquele projeto de escola, seguiu um
corredor, uma pequena e estreita vereda que se lhe cabia. Fique ali a
observar o retorno daquele quadrúpede rastejante, quando de repente
ele aparece com uma presa na boca, uma borboleta amarela com as asas
abertas, parecendo um livro, ou um caderno, mas, na verdade, era seu
alimento, não a merenda escolar, ainda que fosse da cor de macarrão.
Fiquei ainda a observar aquele calango ou carambolo, como chamam as
crianças nordestinas, único usufruidor daquela construção
iniciada e não acabada onde, se concluída, alimentaria o intelecto
de muitas crianças deste bairro chamado Estrela que brilha apenas
nas eleições municipais, e que a educação fica em segundo plano.
Mas esse problema está sendo resolvido porque o dinheiro gasto nesta
obra, a chuva molhou, o sol secou e o vento o levou assim como levou
as palavras efêmeras dos que a iniciaram, e outro dinheiro veio, e
outra obra para uma escola está sendo construída no mesmo bairro,
em outro local, pois a anterior não serve mais como ambiente para
educar. Serve apenas para acolher o matagal e o calango, seu morador e
respectivas presas.
Antonio Ximenes