Sábado de outubro, sol escaldante do meio dia. Um restaurante, uma
avenida muito movimentada e um ser humano triste como sua vida de sofrimentos, como sua
fome, como a rejeição que lhe é demonstrada pela sociedade elitizada e racista.
Naquele sol vespertino, um transeunte que estava à frente de um veículo
estacionado em uma calçada, um transeunte de negrura parda por sujeira, talvez,
por não tomar banho; mal vestido, pois sua roupa eram trapos assim como sua
vida. Devido ao momento contextualizado numa situação em que a violência
impera, esse ser humano foi discriminado por alguns minutos por parecer um
marginal, ainda que um marginal não necessariamente ande maltrapilho, sujo, mas
lhe é característico por ser este tipo de ser humano oriundo, em sua maioria,
de classes sociais menos favorecidas, que vive á margem da sociedade
excludente.
Momentos de observação e de reflexão.
Então se tratou de reconhecer aquele ser como uma pessoa de bem, como
uma pessoa que ali estava apenas para pedir um prato de comida porque sua fome
era grande, no entanto, ainda com tanta observação, com tanta reflexão não se
fez um atendimento imediato, não se saciou a fome daquele degredado; daquele
cujos olhos expressavam um pedido de comida, de alimento, visto que sua voz era
amortecida como sua aparência
O observador saiu com sua reflexão no intuito de, após saborear um prato de comida, ajudar aquele que supostamente seria uma delinquente. Mas, ao retornar, o observador reflexivo não encontrou mais ninguém ali. o Transeunte caira na escuridão do desprezo, ou melhor, fora enxotado, fora expulso com sua fome, sem piedade.
O que aquele observador deveria ter feito não o fez antes, deixou para depois. E depois pode ser tarde.
Autor: Antonio Ximenes de Oliveira