
Mas a intenção desta crônica não é dá aula de lingüística, e sim falar da boca do inferno e seu verdadeiro sentido. Na minha zona, que é urbana, há um logradouro com o apelido de Boca do Inferno. Por que será este apelido tão gracioso que nem este escritor sabe decifrá-lo?
Admitindo concepções extemporâneas, poder-se-ia imaginar promessas politiqueiras em períodos pré-eleitorais que, não cumpridas, alguns dos moradores do bairro que tem esta alcunha, irritados, assim chamariam os políticos de “Boca do inferno”. Em outro contexto pode-se também imaginar que esse nome vulgar advenha para adjetivar bocas de pessoas que rogam pragas, desejando o mal ao próximo, ou ainda por ser uma das entradas desse bairro, íngreme, muito perigosa.
A palavra mal dita pode dá origem a uma palavra maldita. Mas, Boca do Inferno?
Com este pseudônimo temos em nossa literatura o escritor barroco Gregório de Matos, que assim era chamado devido seus versos satíricos, ferinos, o que não é o caso do território urbano aqui trazido, pois o que mais fere de seus habitantes é a miséria porque passam além do descaso de quem administra esta urbe.
Antonio Ximenes
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