quinta-feira, 15 de setembro de 2016
O açude que era grande III
Caro leitor desta terra
De heróis, de carnaubais
De homem trabalhador
De um povo detentor
De uma vida que não se encerra
Em problemas banais.
Mas no açude que era grande
Um problema bem complexo:
Virou palco de carreatas
De candidatos e candidatas
Que propagam aos perplexos
peixes que se
escondem
Caro leitor eleitor
Veja bem o que acontece
Às margens do ex-açude grande
Onde a poluição sonora se expande
Piranhas não tem, não aparecem,
outros peixes tem temor
Vejam bem o que acontece:
Traíras não ficam em riba
da rasa água existente
Cobras ficam latentes,
Jacarés, com medo, arribam
A brancura das garças fenece.
Outros quadrúpedes animais
que pastam nesse açude,
nas margens, no leito,
veja, povo, o direito.
Se ninguém os ajude
Na próxima eleição não tem mais.
São esses animais
a quem os candidatos estão se dirigindo?
Mas como pode
até um bode
às margens do açude
perseguindo
sem ter um pouco de paz?
Reflita, seja analítico.
À noite, num açude
às suas margens, com barulheira
os peixes ouvem tanta besteira
E sem nenhuma atitude
torna-se palco político.
Antonio Ximenes
quarta-feira, 25 de maio de 2016
Uma criança: um papel em branco ou o reflexo de um espelho?
Muito se tem
discutido sobre os direitos da criança e do adolescente, direitos estes que se
manipulam pelo Estado e pela sociedade e adentram no seio familiar. Ao
contrário de outros tempos passados, tudo acontece rapidamente, quando se pensa
realizar algo o tempo já passou. Isso por conta da globalização, da informação
instantânea. E a criança e o adolescente como produto desse meio seriam as
primeiras páginas em branca de um livro da vida humana, onde se escreve, e se
não gostou da escrita, apaga-se, ou o reflexo de um espelho onde o espelho é a
sociedade, a família, e nesse espelho se molda o feio e o bonito, o bom e o
ruim?
Ora, desde
criança vivenciei e vejo atitudes em nada legais e os desmandos do
tratamento dado à criança e ao adolescente (eu nem sabia se existia
adolescência), e percebo como tudo isso mudou, até por que as crianças do meu
tempo, hoje, adultos, não querem dá a seus filhos aquilo que receberam como
educação quando criança, à exceção do que consideram como bom. Lembro-me que
fazia parte da educação que recebi quando criança, apanhar, ser penalizado pelo
“meu erro”, inclusive na escola, quando, na década de 70, no interior do
Maranhão, às quintas-feiras, ainda lembro, era o dia de argumento em que o
“mestre” colocava os alunos em fila, e, com uma palmatória em punho argumentava
sobre a Tabuada. Nesse tempo eu não tinha conhecimento do direito da criança e
do adolescente, pois nem sabia que existia.
Hoje, com o esclarecimento que
tenho, até como próprio ator, membro da sociedade e da família, na garantia dos
direitos da criança e do adolescente, vejo o quanto foi o progresso nesses
direitos e como são garantidos, e tudo isso em consequência da vigilância
social e do Estado na garantia deles, inclusive na promoção de um curso em que
se aprimoram os conhecimentos e promove atividades para melhoramento da prática
que norteia rumos para a mudança de conceitos que viabilizarão a atuação no
trabalho, bem assim na vida pessoal e social, cabendo a cada um e ao coletivo o
papel de fiscalizador, mas não só fiscalizador como também praticante de
atitudes na execução dos direitos da criança e do adolescente.
Antonio Ximenes
domingo, 13 de março de 2016
Soneto triste
Uma tristeza que me alegra
o corpo, minha face
Meu interior padece
na transmissão desse disfarce
Não quero tua tristeza
portanto busco alegrá-la,
mas parecer em vão
quando recebo tua fala.
E neste soneto triste
continua a falsidade
d'uma alma que não existe
Continua a aparência
de uma pessoa feliz
que a realidade não lhe condiz.
o corpo, minha face
Meu interior padece
na transmissão desse disfarce
Não quero tua tristeza
portanto busco alegrá-la,
mas parecer em vão
quando recebo tua fala.
E neste soneto triste
continua a falsidade
d'uma alma que não existe
Continua a aparência
de uma pessoa feliz
que a realidade não lhe condiz.
Antonio Ximenes
Um momento. Apenas uma bengala.
Neste momento em que minha voz
resvala, estremece o meu corpo e entristece minh’alma; Neste momento que há
muito a vida persegue, numa caminhada longínqua de oitenta anos, de muitas vitórias
e de muitos desenganos; Neste momento em que minha voz não sai, pois minha
língua torpe não fala ao meu pai; Neste momento ímpar, sem piedade, de comoção,
de alma triste e triste coração. Um momento.... Momento em que tento me expor
pela fala, coração partido e esta bengala. Esse momento se conclui, pois além
não vai, e, presentear alguém que seja teu pai com um presente que a voz te
entala, sendo o presente apenas uma bengala
Antonio Ximenes
domingo, 10 de janeiro de 2016
O açude que era grande: uma obra na água ou água na obra?
Muitos
são os elogios aos administradores desta cidade berço dos heróis do Jenipapo,
mas também muitas são as críticas a esses mesmo administradores quando se trata
de uma obra que se realiza no açude do centro da cidade, iniciada em pleno mês
de dezembro de 2015, às vésperas de um período chuvoso, ainda que nesse mesmo
período já é de costume, de alguns anos para cá, ser de estiagem, mas tenhamos
fé Deus.
A palavra obra tem inúmeros significados
que dentre eles podemos destacar as palavras: dejeção, dejeto, defecação, evacuação,
construção, edificação, prédio, não
querendo expressar aqui que essa obra que ora se realiza no açude que era
grande se contextualize em alguns desses sinônimos. Deixo aqui para o leitor
sua inteligibilidade quanto ao desenvolver e conclusão dessa obra.
Começaram as obras na água, ou seja,
no açude onde se vê sendo depositado em suas margens o material retirado de seu
leito. Óbvio, por se tratar de um açude urbano, no centro da cidade que não tem
rede de esgotos, há de se concluir que com as águas das chuvas que deságuam no próprio
açude, após percorrer e lavar as ruas das cidades, além das águas subterrâneas
filtradas das fossas sépticas das residências próximas às suas margens, cujas
águas de fossas também pode minar no interior desse açude, entende-se que essa
obra trata-se de uma água na obra, ou seja, no açude.
Mas pensemos e vejamos por outro
ângulo, outro ponto de vista: uma obra feita em um ano eleitoreiro, concomitante
com um período invernoso, sem informação à população de como e para que a feitura
dessa obra, digo sem informação porque não tive conhecimento de nenhuma
informação na imprensa falada ou escrita até esta data, mas se os citadinos
tiverem sido informados, que bom! Mesmo assim convenhamos que se essa obra não
for concluída como pretendem seus idealizadores e feitores, não teremos outra
saída para dizer que essa é uma grande obra na água, e aí, cabe ao leitor
definir o significado da palavra obra.
Antonio Ximenes
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