Costumo, pela manhã, ligar meu rádio
para ouvir notícias, principalmente sobre a política de minha cidade, o que foi
questionado. Também foi questionado sobre a bandidagem, quando um ouvinte ligou
para a emissora de rádio e passou a comentar sobre a ineficiência da polícia
para desvendar alguns casos de crimes insolúveis no Piauí, questionando, inclusive,
também a ineficácia do judiciário e, aí foi posto em debate a questão da
punição para criminosos com pena de morte, pois segundo o interlocutor “bandido
bom, é bandido morto”, o que foi ratificado pelo locutor, inclusive acrescentando
este que, caso isso ocorra talvez ficaremos sem políticos, entretanto isso
jamais acontecerá, pois nossos políticos não cometeriam suicídio ao criarem
leis para prejudicá-los.
Depois de ouvir essa notícia fui
para meu trabalho, onde lido com leis diariamente, sendo um servidor do
judiciário, e o que me deixou muito triste ver dois carros de polícia chegarem
lotados de presos amarrados como animais, piados os pés e as mãos. Saíram dos
carros, escoltados por policiais, em
fila única, arrastando correntes. Eram muitos policiais, parecia uma operação
de guerra, mas o que embargou a minha voz foi ver aqueles seres humanos
adentrarem no fórum, em fila indiana para prestarem depoimentos, mas mais
parecia que iram para um abatedouro. Iam ser submetidos aos ditames da Lei interpretada
por outro ser humano que representa o Estado.
Esses homens, jovens, já estão
condenados à pena de morte que lhes impôs a sociedade, a família, de cujo seio
vem a principal educação; a família que serve de espelho para esses jovens
delinquentes. Que pena da morte dessas pessoas que morreram, mas ainda estão
vivos; morreram, talvez, até para si.
Bandido bom, bandido morto?