quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Depois pode ser tarde


Sábado de outubro, sol escaldante do meio dia. Um restaurante, uma avenida muito movimentada e um ser humano triste como sua vida de sofrimentos, como sua fome, como a rejeição que lhe é demonstrada pela sociedade elitizada e racista.

Naquele sol vespertino, um transeunte que estava à frente de um veículo estacionado em uma calçada, um transeunte de negrura parda por sujeira, talvez, por não tomar banho; mal vestido, pois sua roupa eram trapos assim como sua vida. Devido ao momento contextualizado numa situação em que a violência impera, esse ser humano foi discriminado por alguns minutos por parecer um marginal, ainda que um marginal não necessariamente ande maltrapilho, sujo, mas lhe é característico por ser este tipo de ser humano oriundo, em sua maioria, de classes sociais menos favorecidas, que vive á margem da sociedade excludente.

           Momentos de observação e de reflexão.

Então se tratou de reconhecer aquele ser como uma pessoa de bem, como uma pessoa que ali estava apenas para pedir um prato de comida porque sua fome era grande, no entanto, ainda com tanta observação, com tanta reflexão não se fez um atendimento imediato, não se saciou a fome daquele degredado; daquele cujos olhos expressavam um pedido de comida, de alimento, visto que sua voz era amortecida como sua aparência

          O observador saiu com sua reflexão no intuito de, após saborear um prato de comida, ajudar aquele que supostamente seria uma delinquente. Mas, ao retornar, o observador reflexivo não encontrou mais ninguém ali. o Transeunte caira na escuridão do desprezo, ou melhor, fora enxotado, fora expulso com sua fome, sem piedade.

          O que aquele observador deveria ter feito não o fez antes, deixou para depois. E depois pode ser tarde.

                                                                                      Autor: Antonio Ximenes de Oliveira

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

O desatar do nó


Começando....
Puxa para lá, puxa para cá
Vai... 

Puxa...
Olha só!
Uma pontinha aparece,
 a lama podre surge.
O povo urge, padece.
É o nó! 

Nós dois...,
e o povo...,
e os políticos...,
e o nó, depois
os críticos. 

Olha mais uma pontinha,
Olha só!
Vai..., desata.
Mas não mata
O nó.

Quanta corrupção vejo
Nesse nó!
Corporativismo, impunidade,
Desvio..., de dinheiro,
Público, privado...
E o eleitor?
Coitado!

Puxa!
Está encharcado!
Não consigo,
Você também não!
E o nó é cego,
Um perigo.

Terminando.
Puxa para lá puxa para cá.
Vai!
Não desata.
É o nó, nó cego,  úmido.
Irrigado, irrigado.

Autor: Antonio Ximenes de Oliveira

domingo, 7 de agosto de 2011

Um presente ao pai, mas que presente?

           - Deus te abençoe! Dizia o pai, diariamente aos filhos desde quando da mais tenra idade desses seus sucessores, quando estes filhos iam dormir, mas o tempo foi passando, os filhos crescendo e valores absorvendo, mas que valores? Os valores da família? Os valores da mídia, da internet, da televisão...?  Os valores do mundo?
  Tudo ia bem até quando um dos filhos rebelou-se, tornou-se “autônomo”, deixou de dizer; “a bênção pai”. Não é que o filho pedir ao pai que Deus o abençoe trará a este filho submissão, humilhação, mas um sinal de respeito, de compreensão, de entendimento entre pai e filho, entretanto esse filho, influenciado pelos valores do mundo deixou de respeitar o pai, deixou de obedecê-lo, de seguir seus pedidos, seus conselhos. É a  realidade.
  O semanário litúrgico da igreja Católica, “Deus Conosco” nº 38, de 07/08/2011, na pagina 4, o padre José Luiz Gonzaga do Prado, da Diocese do Guaxupé - MG, tece comentários sobre “Olhar sobre a realidade”,  e assim diz;
“O Documentário de Aparecida lança um “Olhar sobre a realidade”, eixo a questão da globalização. Hoje, os antigos costumes de nada mais valem, valem só o dinheiro e a satisfação individual, os outros que se danem...”
                O mês de agosto tem em seu segundo domingo comemoração aos pais, onde filhos festejam os pais com amor, dando-lhes presentes, prestando homenagens. Mas o pai mencionado nesta crônica já recebeu seu presente no início do mês em que se homenageia os pais, presente esse que lhe será recordado até a morte, ou, talvez, até depois da morte, presente esse de tão valioso poder, capaz de destruir qualquer pessoa, ainda quando essa pessoa tenha amor a quem lhe dirigiu essa palavra. É o poder da palavra, de destruir ou de construir. Nada de mágoas, de ressentimento do pai em comento, pois ainda diz o mesmo padre no mesmo texto acima referido :

“Olhando para o futuro a gente se apavora, tudo parece caminhar para o pior. O individualismo crescente vai dar à mãe o direito de matar o próprio filho, não há o que impeça a ganância de destruir a natureza, a corrupção cresce a cada dia, o bem público não conta, conta o ganhar dinheiro, a satisfação individual. Enquanto isso o menino pobre de dez anos diz que só espera completar 18 anos para ir para a nova penitenciária.”
              O pai apavorou-se do inesquecível presente que recebeu do filho individualista cercado por seu “mundinho” jovem, para sua satisfação, e que só espera completar 18 anos para adquirir sua maior idade para entrar numa nova vida. Não precisa mais de pai. Será?
                Então o presente ao pai, após o filho ser advertido de algo errado que fizera sem permissão paterna. Com o rosto rubro e voz em tom esbravejante, o filho:
                -Eu te odeio, eu te odeio, eu te odeio. Mas o pai, serenamente:
                -Mas que presente! - Deus te perdoe e te abençoe meu filho!.


sábado, 14 de maio de 2011

Boca do inferno


Há na prática da linguagem oral três situações em que se deve ter muita cautela antes de concretizá-las, num discurso: saber o que dizer, onde dizer e a quem dizer, pois uma palavra dita inconvenientemente pode ser interpretada de várias maneiras, dependendo do contexto composto do locutor, da mensagem e do locutário.
            Mas a intenção desta crônica não é dá aula de lingüística, e sim falar da boca do inferno e seu verdadeiro sentido. Na minha zona, que é urbana, há um logradouro com o apelido de Boca do Inferno. Por que será este apelido tão gracioso que nem este escritor sabe decifrá-lo?
              Admitindo concepções extemporâneas, poder-se-ia imaginar promessas politiqueiras em períodos pré-eleitorais que, não cumpridas, alguns dos moradores do bairro que tem esta alcunha, irritados, assim chamariam os políticos de “Boca do inferno”. Em outro contexto pode-se também imaginar que esse nome vulgar advenha para adjetivar bocas de pessoas que rogam pragas, desejando o mal ao próximo, ou ainda por ser uma das entradas desse bairro, íngreme, muito perigosa.
              A palavra mal dita pode dá origem a uma palavra maldita. Mas, Boca do Inferno?
              Com este pseudônimo temos em nossa literatura o escritor barroco Gregório de Matos, que assim era chamado devido seus versos satíricos, ferinos, o que não é o caso do território urbano aqui trazido, pois o que mais fere de seus habitantes é a miséria porque passam além do descaso de quem administra esta urbe.

Antonio Ximenes

sábado, 2 de abril de 2011

Andando nos trilhos








“Uma dia é atrás do outro”, isso é obvio e todo mundo sabe, mas esse dito popular há muito já me dizia minha mãe, analfabeta, mas letrada das vivências de seu cotidiano.  Um vagão de trem também é atrás de outro, isso quando existe o trem, quando existem os trilhos, a estrada férrea para que o trem passe.
Os citadinos da terra dos heróis do Jenipapo há muito tempo aguardam a chegada do trem para correr nos trilhos que não existem, apesar de muitas promessas pré-eleitorais que acontecem a cada quatro anos, e já são muitos quatros anos que se passaram, e continuamos na promessa. Enquanto isso, nada de trem.
Andando nos trilhos, esses trilhos que meu pai foi que ajudou a colocá-los onde hoje estão, trabalhando braçalmente, vê-se o descaso para o que é público, apesar de ser fonte de renda para muita gente que trabalha no transporte de material de construção, pois ao menos para isso serve, para ajudar no sustento das famílias que vivem de sub-renda, os carroceiros que estão a levar todo o aterro da estrada para vender em construções residenciais, além de outras pessoas interessadas nos trilhos para outros fins.
E o trem?
A cada quatro anos surge um trem nesta cidade, mas retorna logo à sua estação, andando nos trilhos, nos trilhos de sua própria estrada, desrespeitando quem estiver na frente. Buzina para avisar que está chegando com todos os seus vagões para serem cheios. Buzina para atrair a todos para a sua estrada e, então, esmagá-los.
E os trilhos?
Há! Os trilhos! Esses levam a máquina que puxa todos os vagões, desde o de primeira classe até o que transporta os animais, que passam fome, sede e babam nesse trem. È uma verdadeira alegria. Todo mundo vai chegar lá, lá na estação principal. E voltarão?. Sim. Após quatro anos. Nesse interstício não existe estrada, não existe trilhos. Somente o trem.
Mas” um dia é atrás do outro”, e do outro, e do outro... E se morre andando nos trilhos, e os citadinos continuam heróis, pois continuam na batalha, sem morrerem e sem vencerem, andando nos trilhos.
E a estrada?
Como até poderia dizer algumas mulheres iletradas desta terra de heróis: “Nam, mermã, nan! Essa istrada num leva a lugar nium”

                                                                           Antonio Ximenes de Oliveira

sábado, 5 de março de 2011

Indireta

É política! É carnaval!
Assume prefeito, sai prefeito.
É carnaval Pulem!
Julga processo. É carnaval, ´
É cinzas!
Tudo novamente.

                        Antonio Ximenes

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Reflexão

        Hoje estou aqui nesta sala de aula, estudando para, quem sabe, ser um vencedor no futuro. Mas será que estou fazendo a coisa certa? Será que estou participando bem das aulas? E as disciplinas, matérias, para que servem? De que vai me servir matemática, português, geografia, história, etc. Será que vou precisar de tudo isso no meu futuro, ou será que vou precisar de um pouco de cada uma dessas matérias?
        O professor fala que temos que estudar porque o mercado de trabalho está muito exigente, excludente; que nesse mercado só entram os melhores. E eu...? e nós...?, aqui nesta sala de aula que em muitas vezes nem sequer damos a devida atenção às aulas. Talvez até enganando nossos pais. dizendo-lhes que vamos para a escola, quando, às vezes, nem vamos e se vamos, saímos antes do término, algumas vezes até escondido do professor e do diretor. Pensamos que lhes enganamos, mas eles têm tudo anotado.
        Nossos pais, que esperam de nós: Que sejamos bons filhos, estudiosos e que se orgulharão de nós futuramente, pois investem tanto em nós, querem tudo de bom para nós, aquilo que eles não foram porque não tiveram oportunidades de ser e nós a temos e nem sequer a aproveitamos. O Que será de nós futuramente?
        Agora estou aqui, até a responder uma prova que testa se eu aprendi alguma coisa, ou não, durante o mês, e meus pais em casa, crentes de que eu estou na sala de aula, estudando, obtendo boas notas, comportado, para sua satisfação.
        A sociedade também espera de mim, de nós estudantes, principalmente de nós que temos escola, professores, livro, merenda e até transportes em alguns escolas, e tudo isso grátis, além de nossos pais ainda receberem uma auxílio do governo para garantir nossa presença na escola.
        Pensando bem, temos que nos dedicar mais aos estudos no sentido de garantir nosso futuro. Mas isso só ocorrerá quando nos empenharmos mais, participarmos das aulas, não faltando, não saindo antes do horário previsto, respondendo as tarefas, enfim, dedicarmo-nos mais na aquisição do conhecimento, pois somente assim podemos dizer que teremos um futuro promissor.



Antonio Ximenes

Duplo Sentido

Hoje eu acordei.
Acordei para o mundo, n’um segundo.
Vejo a criminalidade: o roubo, a corrupção,
o homicídio, o suicídio, o ladrão.
O ladrão maltrapilho, que passa fome,
e sua identidade some
perante o ladrão bem vestido, advertido
para falar calado, isolado, incorporado
a um grupo que o tem apoiado.

Hoje eu acordei.
Acordei para o mundo, n’um segundo
Agora, meu pensamento,
nem a cor dei-lhe.

Tudo em preto, ou, preto e branco.
O preto, à margem, o branco, na garagem.
O preto, perto do deserto, discriminado, calado.
Calado?... Coitado!...
O Branco? Ah! o branco, que também é preto
Aquele que está no solo sob o sol,
também no deserto.

Hoje acordei.
Acordei para o mundo, num segundo
e meu pensamento agora balança.
Uma criança? Meu mundo latente.
Estou contente! Não estou contente!
Vejo uma esmola, uma sacola vazia.
Não é meu dia, é uma disputa.
Uma prostituta! Criança?

Trabalho! Criança?
É a educação da miséria, série,
é o descaso com o acaso em cada caso.
Caso? Não, união estável.
Que miserável?!

Hoje acordei.
Acordei para o mundo, num segundo e com defeito.
E o meu direito não é mais direito.
Olho e vejo a impunidade, a obrigatoriedade
sem ser obrigada, pois, calada, fica assustada
com tanto dever incapaz de cumpri-lo, mas feri-lo,
é normal.
E a fome? Vejo-a sumir junto com o faminto.
Não minto. O faminto vai, a fome fica para outro.
E a desigualdade social!? Que mal!?

É, hoje acordei.
Acordei com o mundo, refleti.
O mundo não quis acordar comigo, em tudo.
Mas sigo, agora, acordado, calado,
sem poder falar, pois querem calar-me.
Acordei com o mundo, comigo mesmo.
Eu sou o mundo.
 
Professor Antonio Ximenes

Conversando com a mãe

Mãe,
Há quanto tempo nos conhecemos!
Desde quando nasci.
Mas será, mãe, que realmente nos conhecemos?
Será que apenas vivemos?
Que vivo numa vida dependente de ti?
Quantas vez tu me beliscaste? ou, desculpa, a senhora.
me beliscou, puxou-me a orelha, para o meu bem,
Até umas palmadas, chineladas, surra.
Ufa!

Mãe,
Que saudade de teu castigo,
hoje, neste mundo impune
onde a criminalidade impera
Á falta de uma mãe severa
Não que espanque,
Mas que estanque a criminalidade
pela educação dos filhos,
pelo limite de liberdade

Mãe,
Hoje é teu dia
“Dia das Mães”
Será somente hoje, mãe, teu dia?
Somente hoje a te dedico poesias
com amor, carinho..
E a heresia..? nos outros dias? Mãe
desse teu filhinho?

Hoje, a televisão é a mãe
que ensina o crime
que oprime
que aliena,
que envenena.
É a mãe que dá carinho pela novela
que revela o carinho da traição,
da maldição.

Mãe,
Hoje tem uma tal de mídia
em que as pessoas aparecem como exemplos para outras
Mas veja o exemplo mãe:
prostituição, ladrão
fingindo ser rico
E rico com um dinheirão
Quem será o ladrão?

Mãe, acho que não nos conhecemos bem,
mas também,
Neste mundo imundo
Só vivemos e
Vivemos sós

Mãe. ainda dependo de te,
mesmo sendo “dono de meu nariz”
Eu não quis essa liberdade.
Que saudade de nosso tempo
Em que mãe era MAE
Filho tinha o seu lugar.
Hoje, crescemos e vemos
Nossos filhos espreitar
nas esquinas, em qualquer lugar
um vida ceifar
de um bem se apropriar sem ter que trabalhar

É, mãe,
hoje o mundo mudou!
E aqui estamos nós
Em uma só voz:
Que saudade de nosso tempo!



Professor Antonio Ximenes

Em testemunho da verdade

Como outorgante
numa procuração
escrituro minha vida
um pouco atrevida
a uma intimação.

Se me outorgo,
posso revogar,
sem cláusula sem condição.
Até sem declaração.
Mas posso ressalvar

Digo, ressalvo
nem que eu seja alvo
de sua condição
estipulada no contrato
passado em correição.

Certifico em conclusão
de tudo o que disse.
Sem emenda, sem rasura.
Tudo em tempo.

Em tempo para não rasurar,
pois se um erro visto é
algo para anular a veracidade,
O referido é verdade.
Dou fé.



Prof. Antonio Ximenes

domingo, 16 de janeiro de 2011

A Casa do Mel, em Metáfora

Quão doce é a vida:
de quem trabalha;
de quem atrapalha?;
de quem é vil

Quão doce é a vida:
de quem não percebe
que tudo se embebe
no charco da vida
de quem persegue.

A abelha que produz o mel
é mansa, é traiçoeira;
é bandida, é trapaceira;
é vingativa, é defensiva

A abelha, o político, a casa, o mel, o político.
O político, o mel, a casa, a abelha, o fel.

O político, o mel, o voto, o fel.

Quão doce é a vida
de quem trabalha, da abelha;
de quem trabalha, do eleitor;
de quem trabalha, do sofredor.

O trabalhador, a casa do mel, do político partidário;
do otário, do eleitor, do trabalhador.

Quão doce é a vida:
de quem atrapalha o enganador?;
de que atrapalha o mentiroso?;
de quem atrapalha o prometedor?:
de quem atrapalha a casa do mel?

O mel, o dinheiro, o politiqueiro, o poder
O poder, o politiqueiro, o dinheiro é o mel.

Quão doce é a vida:
do canalha enganador;
daquele detentor:
do poder, do dinheiro;
daquele que pisa, massacra,
humilha e maltrata.

O voto, o dinheiro, o poder, o mel;
A casa, as abelhas, o mel.

O mel não fruto do trabalho das abelhas naturais,
Mas fruto do mal das abelhas “animais”.
da casa do mel;
de quem não percebe
que tudo se embebe
no charco da vida
de quem persegue.

A distorção do entendimento do Superior Tribunal Federal transcrito na Súmula 584 sob a égide constitucional dos princípios da anterioridade e irretroatividade.

  Antonio Ximenes de Oliveira Júnior RESUMO : O presente artigo versa sobre a suposição acerca distorção entre os preceitos con...